O grafiteiro Mundano começa a produzir, nesta quinta (30/09), um painel de mil metros quadrados no Centro de São Paulo, usando cinzas das queimadas da Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica, coletadas de uma expedição que rodou 10 mil quilômetros entre junho e julho deste ano nos quatro biomas. Mundano é o mesmo artista que reproduziu uma obra de Tarsila do Amaral com a lama tóxica de Brumadinho, ano passado.
Cinzas, restos de árvores e animais carbonizados serão a matéria prima para a paleta de tons cinza para recriar “O Lavrador de Café” (1934), um dos trabalhos mais conhecidos de Candido Portinari, que relacionava o momento histórico com o impacto humano. No lugar do labrador, Mundano vai colocar um brigadista — inspirado num personagem real, Vinicius Curva de Vento, da Brigada Voluntária de São Jorge, que recentemente combateu as queimadas da Chapada dos Veadeiros. “Resíduos de crimes ambientais infelizmente são matéria prima abundante pelo Brasil. Testemunhar as queimadas foi essencial na pesquisa com as cinzas que se transformarão em uma denúncia desse tempo de destruição ambiental”, diz ele.
“Ele está fazendo essa releitura com um tom dramaticamente social, pois está fazendo com as cinzas da floresta e vai homenagear os brigadistas. Isso tem tudo a ver com a mensagem do meu pai, com a obra dele”, diz João Candido, filho de Portinari.
Vídeo de uma das coletas da excursão ao Pantanal:
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