O São João Batista, em Botafogo, fundado por Dom Pedro II, é praticamente um museu ao ar livre. Até por isso, precisaria de mais cuidados com suas preciosidades — desde 2014 é administrado pela concessionária privada Rio Pax.
As tumbas históricas parecem descuidadas, pelo olhar de cariocas atentos. O cientista político carioca Edward Cyril Lynch — professor de Pensamento Político Brasileiro, da Uerj, pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbosa e um dos diretores do Instituto Brasileiro de História do Direito (IBHD) — fez uma turnê pelo cemitério no início de agosto e documentou, em fotos, sepulturas de grandes personagens brasileiros com sinais de abandono: mármore sujo, lápides desgastadas e outros.
“Uma das lápides em estado de abandono é a de António Limpo de Abreu, Visconde de Abaeté, fundador do Partido Liberal, conselheiro de Estado e senador, primeiro-ministro, que presidiu o senado anos a fio, no Império. Foi um personagem importantíssimo da Regência e do Segundo Reinado”, diz Edward.
Entre outras da série, que ele apelidou de “Caveira”, também estão os túmulos de Sebastian Sisson, litografista francês que organizou a famosa “Galeria dos brasileiros ilustres”, com biografias do mundo político brasileiro em 1860; de Louis Couty, professor francês que escreveu “O Brasil”, primeiro livro de Sociologia, em 1884; e do Barão de Javary, patriarca da família Dodsworth, parente do Visconde de Ouro Preto, último primeiro-ministro da monarquia.