A pandemia consolidou um modelo em que já acreditávamos: a complementaridade entre ações presenciais e uma estratégia digital que amplie o alcance de nossas iniciativas e a frequência das mensagens que transformam e educam.
Era meados de março de 2020, quando a maior atração de um festival de música que estávamos produzindo teve covid, bem na véspera da estreia, foi um sinal de que precisávamos agir imediatamente, em razão do isolamento. Cancelamos o evento que seria na orla carioca e o transformamos em um festival de lives com grandes artistas brasileiros, gravado e transmitido com os mais rígidos protocolos de segurança e higienização, na cobertura de um grande hotel da cidade para um público caseiro de mais de 40 mil pessoas no YouTube. Esse sucesso nos inspirou a buscar soluções semelhantes para nossos outros projetos.
Nosso maior projeto de transformação social, o “Gentilezinha”, no seu quinto ano de execução com mais de 5 mil crianças beneficiadas por ano, interrompeu suas apresentações teatrais nas escolas da rede municipal, com a suspensão indefinida das aulas.
Nós, contudo, não paramos. Reinventamos o formato, transformando suas histórias educativas em uma websérie de 15 episódios que percorre temas, tais como: cidadania, meio ambiente e educação financeira. O “Gentilezinha Show” vai estar no YouTube e terá um alcance significativamente maior entre o público infantil.
Pessoalmente, o confinamento intensificou minhas práticas espirituais e de autoconhecimento, o que nos levou ao desenvolvimento de um projeto para amplificar essas ideias e hábitos. A preocupação com a saúde mental e espiritual é o cerne do “Be Kind Festival”, um festival de gentilezas com foco no bem-estar, no bem-viver e no bem querer ao próximo.
Externamente, com nosso objetivo de propor projetos focando em “entrega social”, o cenário de arrecadação em patrocínios para nossos projetos melhorou durante a pandemia. Justamente porque as grandes empresas estão mais empenhadas na contrapartida social. Hoje em dia, elas sabem que não é mais suficiente apenas serem lucrativas e gerar empregos, mas fazer a diferença na sociedade, ainda mais em tempos tão sensíveis. Projetos como o “ReUso Criativo”, com foco em sustentabilidade e capacitação para geração de renda através da arte e do artesanato, por exemplo, são uma resposta às angústias da sociedade que atraem o olhar das empresas incentivadoras.
Agimos também internamente com nossos patrocinadores. Temos um belo caso de responsabilidade social corporativa de um grande cliente, em que, juntos, construímos uma grande ação de engajamento de seus funcionários e até de seus filhos circulando as mensagens de cidadania do “Gentilezinha”.
Com a pandemia, aprendemos a olhar para dentro e também para fora e a agir no digital, sem perder o foco no social.
Fernando Oliveira é publicitário e empresário de comunicação com foco no terceiro setor. Construiu sua carreira como executivo de marketing em grandes empresas e agências de publicidade. Está à frente da agência Trinity desde 2013, especializada em esporte, cultura e marketing de causa. Ele já criou vários projetos sociais e culturais que chegaram a mais de 25 mil crianças no Rio. Um dos maiores sucessos é o “Projeto Gentilezinha”, que surgiu em 2017, como homenagem ao profeta Gentile