Hoje, quero falar sobre um recurso muito precioso e necessário, mas pouco utilizado na comunicação: o silêncio.
Uma das primeiras coisas que aprendi, quando comecei a estudar a Comunicação Não Violenta (CNV), foi praticar a escuta ativa e empática. Aprendi a ouvir mais e a falar menos. Um dos erros mais comuns na comunicação é falar demais e responder ou rebater quando o outro só precisa ser escutado.
Nos últimos tempos, pude perceber o quanto as pessoas têm necessidade de falar e ser ouvidas, ainda mais no contexto atual, emocionalmente difícil. Os conflitos aumentaram muito nesse último ano de pandemia, porque, no fundo, todo mundo tem necessidade de falar, desabafar e se sentir ouvido e compreendido. Todos precisam de empatia. Entretanto, poucas pessoas desenvolveram uma comunicação consciente, e a grande maioria não consegue escutar atentamente, sem interromper o outro.
Observa-se, inclusive, que um dos sentimentos mais comuns atualmente é a ansiedade. Esse sentimento tem prejudicado bastante a qualidade da comunicação, tanto nas relações pessoais como nas profissionais. E sabemos que o Brasil é o campeão mundial da ansiedade. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil é o país que tem o maior índice de pessoas com transtorno de ansiedade no mundo, o que se verifica desde 2017; com a pandemia, esse cenário só piorou.
Quando uma pessoa está ansiosa, costuma não ter paciência para ouvir, nem ter disponibilidade emocional para acolher opinões e sentimentos alheios. A falta de empatia e de respeito mútuo acaba sendo uma realidade cada vez mais comum, ainda mais quando as pessoas estão sofrendo, pois precisam de empatia e de compreensão do outro. Todo mundo quer falar e ser ouvido, mas ninguém quer ouvir e compreender primeiro.
Como sair desse círculo vicioso?
É necessário tomar consciência das emoções e necessidades próprias e das do outro. É muito provável que o outro não dê o primeiro passo pra me ouvir e me acolher. Consequentemente, precisa trazer a responsabilidade pra si, treinar e desenvolver a capacidade de perceber como está se sentindo em determinados momentos e principalmente durante uma conversa, pra não deixar as emoções atrapalharem.
Em 2019, depois de quase 10 anos ensinando a CNV, criei o Método Conecta, um passo a passo para sair do modo automático e desenvolver novos reflexos, para evitar interromper ou falar primeiro de si. Percebi que isso era a chave para ter diálogos mais construtivos. Graças à Internet, milhares de pessoas já tiveram acesso ao meu método e conseguiram fazer a diferença nas suas relações e conversas. Tudo começa com um estado de consciência e presença plena, para romper com os velhos padrões e paradigmas.
Ouvir com empatia, fazer as perguntas certas e saber perceber quando o silêncio é a melhor opção são uma arte que pode ser desenvolvida por qualquer um. Então, meu convite para você, esta semana, é que se conecte com as próprias emoções e necessidades para, depois, buscar conectar-se com os sentimentos e as necessidades do outro. Pegue um caderno e anote diariamente como está se sentindo ao acordar e antes de deitar. Perceba e anote também quais necessidades estão atendidas ou não atendidas.
Por exemplo:
1. Eu me sinto triste porque não tenho esperança que esse cenário vai melhorar nas próximas semanas.
2. Eu me sinto angustiada porque não posso ver meus pais, sabendo que eles precisam de mim.
3. Eu me sinto tranquilo porque sei que tudo isso vai passar.
Fazer esse exercício diariamente ajuda a desenvolver a inteligência emocional e a empatia. Isso me ajudou muito a lidar com situações e conversas desafiadoras nos últimos anos. Experimente! E se você gostar, compartilhe este artigo com outras pessoas. Boa semana!