O Instituto Cultural D. Isabel I a Redentora, que completa 20 anos dia 13 de maio (foi fundado no Rio e hoje está em Brasília), descobriu o nome completo da rainha portuguesa que, no Brasil, ganhou adjetivos como “megera” e “ambiciosa”, dentre outros impublicáveis.
Em pesquisa nos arquivos da Casa Real da Espanha, em Madrid, os historiadores Juliana Bezerra de Menezes e Bruno Antunes de Cerqueira conseguiram acesso à certidão de batismo da espanhola, que diz ter nascido às 8 horas da manhã do dia 25 de abril de 1775, no palácio de Aranjuez (a 20km da capital espanhola), e lista mais de 20 prenomes: D. Carlota Joaquina Theresa Marcos Cayetana Coleta Francisca de Sales Rafaela Vizenta Ferrer Juana Nepomucena Fernanda Josepha Luisa Sinforosa Antonia Francisca Bibiana Maria Casilda Rita Genara y Pasquala. Em uma rápida pesquisa no Google, o nome completo é Carlota Joaquina Teresa Cayetana e, quando se casou com o rei D. João VI, Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bragança.
Nenhum livro histórico ou genealógico havia exposto o nome completo da soberana, o que agora vai estar em “Mulheres e poder: a face feminina do Estado no Brasil oitocentista”, organizado por Bruno Antunes, Fátima Argon e Malcov Terena.
Ainda vindo dos organizadores: certa vez, Carlota (que morou no Rio, entre 1808 e 1821), levou uma moça ao seu palácio, em Botafogo, depois de saber que ela sofria violência doméstica. Além de custear a educação das filhas da mulher, “ordenou” ao bispo do Rio que anulasse o casamento. “Do ponto de vista histórico dos direitos das mulheres, trata-se de uma intervenção pública nas relações conjugais muito afrontosa para o tempo”, diz Bruno, que é também advogado e militante de diversas comissões de Direitos Humanos da OAB.