Os ambulantes dos trens cariocas foram declarados, definitivamente, Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial, em lei divulgada nesta quinta (07/01), no Diário Oficial, sancionada pelo governador Cláudio Castro. Autor original da lei, o deputado André Ceciliano disse que o trem é usado por populares, pessoas que moram no subúrbio ou na Baixada Fluminense. “Esse público passa horas nos trens e precisa do trabalho dos camelôs. Com pregões criativos e bons preços, os ambulantes fazem sucesso dentro e fora dos vagões e já fazem parte da ‘cultura do trem’”, disse Ceciliano.
Junior de Mello, de 40 anos, camelô dos trens da SuperVia, morador de Queimados, na Baixada Fluminense, e estudante de Direito na Estácio, foi um dos que lutaram para isso acontecer e comemora: “Cheguei a enviar uma carta a um deputado na Alerj que queria criminalizar o trabalho dos camelôs no trem, criando uma lei para isso. Eu o rebati dentro da lei, mostrando o quanto o projeto dele era falho e deficiente. Então, recebi um telefonema do presidente da Alerj (Ceciliano), me avisando que ninguém tocaria nos camelôs, e que seríamos ‘patrimônio cultural do estado do Rio’. Hoje, ele cumpriu a promessa. Trabalho há 30 anos nos trens do Rio, vi muitos amigos morrerem em cima dos trens, vi amigos serem espancados por guardas ferroviários na época, quando celular era coisa de rico, e não havia câmera para filmar nada. Sofríamos calados… Hoje temos uma grande vitória! Enquanto eu respirar, vou brigar pelos direitos dos meus amigos do trem. Não, eu não sou político, apenas um executivo de rua.”