O ano começou perfeito no meio do mar de Angra, com amigos e muitos projetos para logo depois do carnaval; afinal, o carnaval é o verdadeiro réveillon brasileiro. De repente, o mundo mudou, e os planos de todos se dissolveram, tipo vitamina C efervescente. Pandemia, quarentena e a incerteza de tudo e todos. Parecia o livro do Aldous Huxley, “It’s a Brave New World”. Exames, máscaras e nada de contato com ninguém na terra; a mente começou a enlouquecer.
A minha sorte é que, quando tudo isso aconteceu, eu, que estava morando em São Paulo há 2 anos, tinha vindo pro Rio para passar o carnaval escondida numa fazenda com meus amigos. Então fui acolhida pela Júlia Otero, minha irmã da vida, na casa dos pais dela, no Jardim Botânico. Caso contrário, não sei o que teria acontecido comigo, trancada em São Paulo, num apartamento esse tempo todo.
Minha resolução de 2020 tinha sido que eu não iria mais ver séries, pois estavam sugando todo o meu tempo livre, e eu tinha muita coisa pra realizar. Isso, durante uma quarentena mundial. Não quebrei minha palavra, e virei assídua de cursos online — assisti a vários, incluindo todos do Master Class. Eu sentia todos os cursos muito rasos. As pessoas davam o osso, mas ele vinha quase sem carne pra enfiar o dente. Eu queria detalhes, queria bastidores, queria os babados junto com a história.
Foi aí que tive a ideia de ligar pro meu irmão mais velho, Pedro Henrique, que mora em Londres, historiador amador (que sabe muito mais que a maioria dos historiadores que conheço), economista, e a pessoa mais inteligente que conheço. E comecei a tentar convencê-lo de fazermos um curso online de todos os eventos mais importantes da civilização ocidental. Tudo mesmo: faraós, gregos, Império Romano, Jesus, Cristianismo, Império Bizantino, Cruzadas, Renascença, Guerras Napoleônicas, 1ª e 2ª Guerra Mundial, analisando todos os eventos e suas consequências, como surgiram, e tudo entre, até chegar aos dias de hoje, falando de Brexit, das eleições nos EUA e da situação econômica e política do Brasil.
Meu irmão é ocupado. Eu sou ocupada. Todo mundo é ocupado. Ele mora em Londres. Nosso fuso horário é de quatro horas. Ele tem três filhos. A primeira resposta dele foi “nem pensar, não tenho tempo”, mas eu fiquei insistindo, até que ele finalmente cedeu (acho que pra eu parar de encher o saco).
Ele instituiu regras rígidas: tinha que ser de, pelo menos, três meses, para realmente cobrirmos todos os assuntos com profundidade. Nenhuma informação poderia vir do Google ou do Wikipedia, somente de livros, sala de aula ou viagens, e tinha que ser toda semana, mesmo nas que eu estivesse com preguiça (acontece com frequência). Aceitei.
Lançamos o curso por um valor supersimbólico (R$ 100 por mês, 4 aulas por mês, toda segunda às 19h,), achando que 10 a 15 pessoas iam inscrever-se. Nossa primeira aula foi a Grécia antiga e as aventuras e conquistas de Alexandre o Grande. Logo depois da aula, decidi fazer um PDF com um resumo, os mapas e imagens e enviar para todos que fizeram aula. De repente me vi enviando mais de 200 PDFs.
Passamos para a plataforma de conteúdo online Zeeplo.com, da Júlia Otero, porque eu não estava mais conseguindo controlar o número de pessoas que queriam participar. Essa foi a surpresa mais agradável possível. As inscrições não paravam, o interesse só crescia, e reparamos que as pessoas queriam um conteúdo profundo, verdadeiro, queriam relembrar suas aulas de História feitas numa época em que nem tanto valor era dado ao que era ensinado, e seguimos firme com o curso e a interação com todos que participam.
As aulas acontecem toda segunda-feira, às 19h, na Zeeplo.com, e quem se inscreve pode ver e rever quantas vezes quiser todas as aulas, inclusive as que já foram ao ar, e participar da aula ao vivo. Estamos encerrando o Império Romano, que, na aula desta segunda (14/09), vai cair, e já abre com Júlio César absoluto no Mediterrâneo e com um filho com Cleópatra.
Estamos amando fazer as aulas apesar do trabalho, que é imenso, mas vem com muita satisfação. Estou torcendo para o meu irmão seguir carreira de professor depois disso, porque mercado financeiro, que é o que ele faz, gera muito estresse, e nosso pai, Henrique Schiller de Mayrinck, morreu com 45 anos. Eu me preocupo o tempo todo com meus dois irmãos, mas quem sou eu pra falar, que fui jogadora profissional de pôquer por 11 anos.
O nível de estresse também era épico; talvez os Mayrincks gostem de adrenalina. Mas acho que chega de estresse, né? Dar aula da nossa civilização é muito mais gostoso, e acredito que, somente olhando para o passado, podemos trilhar melhor nosso futuro, e que informação é sabedoria e poder. Nossa meta era tentar criar um movimento cultural, criar assunto entre as pessoas interessadas – acho que é isso que está acontecendo. O futuro dirá! Link aqui.
Venha conhecer! Meu instagram é @Maridu01, o do Pedro Henrique é @pedrohm1889 e o do curso é @Civilizacao_mundial
Pedro Henrique Mayrinck, economista formado com honras pela Universidade de Princeton, faixa preta de jiu-jítsu e diretor do Deutsche Bank em Londres, por 17 anos, é um ávido leitor e historiador amador desde criança, quando assistia a “E o Vento Levou”. Sabia qual bala era usada em qual arma, em qual país ela tinha sido feita, e assim por diante. Os anos passaram, e nada mudou!
Maria Eduarda Mayrinck, aficionada por arte e cultura, jogadora profissional de pôquer, diretora e roteirista de cinema e TV, é formada pela UCSD em Economia e História da Arte; depois fez Sociologia na PUC. Os dois passaram a vida viajando juntos para conhecer novas culturas, lendo os mesmos livros e cultivando os mesmos interesses. São duas pessoas extremamente desenvoltas e preparadas para dar um curso de História completamente diferente de tudo que você já viu.