O meu setor, o de festas, sofreu um colapso e paralisou. Todos os profissionais foram afetados com esta pandemia e, agora, passado o primeiro impacto, estamos tendo que repensar tudo. Todas as festas que eu tinha no primeiro semestre deste ano foram remarcadas para o final do ano e agora estão sendo novamente remarcadas para a partir de abril do próximo ano. E o pior é que ainda pode ser que tenham de ser alteradas mais uma vez.
Como tudo deste ano foi pro ano que vem, acrescido das que já eram do ano que vem, estão juntando dois anos num só. Quando procuramos espaços pra festa, fica bem complicado, até porque ninguém quer grandes eventos na segunda, na terça ou na quarta.
Regina Martelli (consultora de moda), por exemplo, cuja festa de aniversário teria sido dia 27 de março, no auge da pandemia, foi adiada pra 5 de março do ano que vem. Só que a maioria de seus convidados tem a partir de 60 anos, que já é faixa de risco; agora estamos inseguros porque, finalmente, foi pra sete de maio. Ela acha que, se já existir a vacina (com fé em Deus), seus amigos podem estar todos em Nova York, Paris ou qualquer lugar mundo afora, já que muita gente está louca pra viajar, inclusive ela. Aí eu brinquei: “Que tal a gente fazer a festa pelo zoom?” Ou seja, podendo ser que mude ainda.
Está muito complicado montar uma agenda com um futuro tão incerto. Toda semana, converso com os profissionais dessa área, e está todo mundo muito apreensivo.
As cerimônias de casamento nas igrejas estão sendo para apenas 10 pessoas, incluindo aí os noivos e o padre, ou seja, sobram sete. Uma noiva, com casamento marcado para o fim deste ano, me disse tristíssima: “Minha festa pode diminuir de 300 ou 400 para sete?” Existem também os que adiaram, mas vão manter a segunda data de qualquer maneira: minha sobrinha Bárbara Pittigliani, cujo casamento estava marcado para novembro, com Fabrizio Godoy, foi adiada pra final de abril — com ou sem vacina, ela vai manter. Em alguns casos, tenho sugerido baile de máscaras.
Enquanto isso, tenho me dedicado à decoração de interiores, um assunto que sempre esteve presente na minha vida e que gosto muito. Minha sogra, Therezinha Pittigliani, e minha amiga Henriqueta Gomes mudaram de apartamento, e eu decorei os dois sem comprar um fiapo, usando tudo que já existia. Tenho publicado fotos dessas decorações e recebido muitos elogios.
Diante do que estamos vivendo, tenho a impressão de que, quando a vida voltar ao normal, vai haver uma grande euforia e vamos festejar muito! O negócio é sobreviver, em todos os sentidos, até lá.
Ricardo Stambowsky, cerimonialista, é aquele nome que vem automaticamente para os cariocas, quando se pensa em festas. São 33 anos de grandes casamentos. Seu nome é importante grife desse mercado desde 1987. É autor do livro “A vida é uma festa” (de 2010).