Esta semana, precisei subir a serra para o almoço de aniversário da minha tia. Eu, minha irmã e meu cunhado fomos no Fusca vintage dele. Quando soube que iríamos de Fusca, fiquei radiante, pois subi muito a serra de Fusca nos anos 90. Minha adolescência foi marcada pelo Fusquinha que dividia com o caseiro da casa dos meus avós.
Foi uma sessão de nostalgia. Lembrei aquela época tão mágica, tão livre, tão cheia de expectativas para o futuro. Foram tantas as lembranças que me remeteram àquela “Naná” de 16/17 anos, que acreditava que, em 2020, estaríamos andando em “Fuscas aéreos”, em um mundo mais evoluído, justo e ideal para se viver e conviver. Afinal, somos seres em eterna evolução. Será?
A chegada do coronavírus me trouxe um misto de sentimentos — medo, claro, e a esperança de ter, enfim, chegado a vez daquele mundo que idealizei lá atrás. Fé na humanidade. Cheguei a ter esperança de que, realmente, as pessoas poderiam mudar. Era a chance da vida delas, da carreira delas! Refiro-me àquelas que têm o poder e o dever de melhorar, de trabalhar e ajudar o próximo, de fato, como os governantes, as pessoas que deveriam zelar por nossa saúde e bem-estar, nos proporcionar uma melhor qualidade de vida. Mas a festa com o dinheiro público segue e, na minha opinião, esse sim, é o maior mal da humanidade. A falta de caráter, de compaixão e de compromisso dos nossos governantes matou e mata diariamente muito mais que o coronavírus.
Vi amigos perderem os pais, amigos de amigos se foram, perdi um tio muito querido, conhecidos… Um cenário muito triste para um ano que tinha tudo para dar certo. Mas também vi muita gente fazendo trabalhos voluntários incríveis, emocionantemente lindos. O prazer de fazer parte de correntes que somam, testemunhar pessoas que não se conheciam, até então, unindo-se para ajudar a quem também não conheciam. Quanto amor e solidariedade!! Minha fé não foi abalada, e sim ampliada!
No final do dia, de volta ao Fusca e já descendo a serra, na companhia de um pôr do sol lindo, amarelado, avistei minha cidade, o Rio, inteira em destaque, o que encheu meu peito de orgulho e me fez pensar: ainda falta, mas estamos no caminho certo. O futuro é logo ali.
Foto: Alexandre Vidal
Renata Garavaglia, a Naná, “mãe” do Bobby Ray (misto de vira-lata e cockapoo), é jornalista e carioca, apaixonada pelo Rio, por Fuscas, pela natureza, pelo Flamengo e pelos animais.