Falar em meditação no meio de uma pandemia pode soar como uma conversa fora de hora. Em um primeiro momento, parece mais um daqueles assuntos “good vibes”, na mesma linha das pessoas que estão agradecendo pelo tempo de quarentena para se dedicar a novos hobbies, ou comemoram os “dias livres” para experimentar aquela receita de pão de fermentação natural. Acho que vale iniciar esse relato, dizendo que a minha experiência com meditação começou em um período de muita angústia. Eu estava entrando em um processo de síndrome do pânico e buscando caminhos e ferramentas para tentar recuperar o equilíbrio na minha vida.
Talvez mais do que nunca, este momento esteja desafiando a saúde mental de bilhões de pessoas, seja pelo medo da doença, pela insegurança no futuro ou pelo sofrimento da perda de alguém querido. Eu também me vi desafiada há alguns anos, quando o dia a dia pareceu mais do que eu podia administrar. É difícil comparar como cada indivíduo processa a angústia e o sofrimento. Só o que eu posso dizer é que a meditação foi um ponto de luz em um momento que eu realmente precisava iluminar um caminho. Eu pratico meditação transcendental, uma técnica milenar. Esse tipo de meditação tem sua origem conectada com culturas e religiões orientais, mas não é preciso seguir nenhuma religião específica para estudar a MT ou sentir seus benefícios.
Não é como “rezar”; é mais como fazer exercício físico ou mesmo escovar os dentes. É uma prática diária que ajuda a clarear a mente e encontrar um ponto de paz dentro de si. Há quem trate saúde mental como uma preocupação secundária, mas isso não faz sentido. É cientificamente provado que a sua mente influencia o seu corpo. Uma prova disso é o efeito terrível que o estresse provoca na circulação, na imunidade e em tantos pontos da nossa saúde.
Se estamos combatendo uma doença, precisamos cuidar do nosso corpo, e isso significa cuidar da cabeça também. Nisso, a prática da meditação pode ser um divisor de águas. Eu sei por experiência própria que a meditação pode ajudar na sua relação consigo mesma, no ambiente da sua casa e na harmonia da família inteira, mesmo que só você pratique. Espero que este relato inspire mais pessoas a buscar essa ferramenta, como um apoio para navegar melhor pelas águas turbulentas que estamos passando. Enquanto sair lá fora não for seguro, olhar para dentro vai ser inevitável. Melhor aprender a apreciar a vista.
Angelica é apresentadora de TV e atriz, apaixonada pela família (é casada com o apresentador Luciano Huck há tantos anos), adora meditação (aluna de Klebér Tani) e esportes. E o que considera mais importante no mundo: os filhos, Joaquim, Benicio e Eva.
Foto: Brunno Rangel