Fomos obrigados a parar. Nem todos, mas muitos estão recolhidos em suas casas. Estamos sendo obrigados a ver aquilo que é essencial, a renovar nossos valores e prioridades. Estamos sentindo falta de coisas que eram tão comuns, mas às quais não dávamos o devido valor: ir até a padaria, andar na praia, visitar um amigo. No Yoga, aprendemos o valor do recolhimento e da contenção. Na verdade, esse princípio do Yoga não é para negar o mundo e seus prazeres, mas, sim, para podermos encontrar a paz em nós mesmos. Encontrando essa paz, desfrutaremos melhor o mundo.
Quando estamos acelerados, buscando muito em diferentes direções, raramente paramos para contemplar coisas simples. Deixamos de ver as bênçãos dessa existência, e seguimos como um trem desgovernado na direção de um grande muro. Nada que anda rápido demais consegue fazer isso por muito tempo. Como dizia Lao Tse: “Se a natureza não consegue produzir coisas duráveis, o que dizer dos homens.”
Parar…
Quando aquietamos nosso corpo, nossa mente e o coração, podemos valorizar pequenas coisas. O que mudou? O que muda assim? Só nossa capacidade de parar e observar coisas pequenas. Contemplar…. Ter prazer. Costumo falar da importância de criar rituais que nos ajudem a desacelerar. No Yoga, fazemos isso na nossa prática matinal — acordar, lavar o rosto e sentar para meditar. Em seguida, um puja (oferenda) pro altar e a prática dos ásanas, as posturas de Yoga.
Você pode acordar e orar, molhar as plantas; até arrumar sua cama pode ser um meio de meditação. A condição para que essa atitude vire meditação é que ela seja feita com atenção. Atenção plena; que ela seja feita com o ser por inteiro. Experimente transformar algo da sua rotina em algo sagrado. Acalme sua mente e veja o campo de infinitas possibilidades em coisas simples, no cotidiano.
Na Índia, os monges recolhiam-se por anos, no mesmo local, às vezes, numa caverna pequena, com poucas coisas. Lá, depois de anos em meditação, eles saíam iluminados. Eram seres que conseguiam, em suas meditações, fundirem-se com o cosmos, com o corpo de Deus e com a alma de Deus. Tornavam-se um com tudo! Como os yogues dizem: “Para dentro! Para dentro!”
Busque o significado das coisas. Tudo! Tudo tem uma razão para existir. Podemos crescer através da sabedoria ou pela dor. Fique atento a esse momento que vai ser a grande transição para muitos. Siga na luz!
“Tamaso ma jyotir gamaya” — que eu caminhe da escuridão para a luz.