Paulo Ricardo entra em cena, de onde nunca saiu desde os anos 80 (época do RPM), desta vez, no próximo dia 20 de março, na Ribalta, na Barra, com o show “Rádio Pirata ao Vivo” e, no dia seguinte, no Audio, em São Paulo. O repertório é do álbum lançado em 1985 (até hoje, o mais vendido da história da música brasileira), em mais uma reedição com “Rádio Pirata ao Vivo — 35 anos”.
A turnê estreou em setembro do ano passado e viajou o País. “É exatamente o mesmo show de 85, com os canhões de raio laser que o Ney Matogrosso criou — foi a estreia do cantor como diretor de espetáculos. É uma máquina do tempo. A turnê quebrou todos os recordes: foram 250 shows em 15 meses para mais de dois milhões de pessoas. Se você esteve lá, vai se arrepiar. Se não esteve, bem-vindo”, diz Paulo Ricardo.
A voz de PR também está todos os dias nas casas dos viciados no Big Brother Brasil: “O BBB foi um grande presente; há pelo menos sete anos, faço uma nova versão para cada temporada. Não assisto ao programa assiduamente, mas, este ano, o meu big brother Boninho acertou na mosca com a escalação dos participantes do camarote e da pipoca. Um bafo (hahahaha)”. Vai ver, aos 57 anos, o olhar 43 continua sem rival. E outra: não sei pra você, mas para Paulo Ricardo insucesso é lição.
UMA LOUCURA: Realmente foi uma loucura aceitar o convite do diretor Luiz Fernando Carvalho para ser protagonista da novela “Esperança”, de Benedito Ruy Barbosa e Walcyr Carrasco, ao lado de monstros, como Raul Cortez, Paulo Goulart e o meu pai na novela, o eterno galã John Herbert. Não tinha nenhuma experiência, mas mergulhei de cabeça, me diverti muito e faria outra novela com prazer!
UMA ROUBADA: Tem uma clássica: minha maquiagem, no clipe de “Louras Geladas”, estava o ‘ó do borogodó’, mas era o meu primeiro clipe e confiei na maquiadora. Deu ruim…
UMA IDEIA FIXA: O próximo trabalho, a próxima música, o próximo show. Sou workaholic, confesso… Na carreira solo, atingi um público diferente, e essa renovação vai acontecendo de pai pra filho, assim como essa espécie de culto aos anos 80, que foram realmente muito ricos. Marcou o fim da ditadura, com as “Diretas Já”, a chegada dos sintetizadores e da estética dos videoclipes, a revolução sexual, aquela euforia dos planos econômicos, o Rock in Rio em 85, a moda, o teatro, a televisão, os quadrinhos, grafites, a literatura…. Enfim, muita coisa boa, que, inclusive, permanecem até hoje, exceto os mullets e as ombreiras.
UM PORRE: Em Los Angeles, em 86, misturei Jack Daniel’s com vinho californiano e acabei perdendo um show do Bob Dylan. Na manhã seguinte, houve um pequeno terremoto e eu achei que era a minha ressaca …hahahaha
UMA FRUSTRAÇÃO: Não ter feito mais videoclipes.
UM APAGÃO: Não lembro (hahahaha). É aquela piada: se você se lembra dos anos 80, você não estava lá!
UMA SÍNDROME: De Peter Pan. No rock, temos uma certa dificuldade em envelhecer. Felizmente, gente como Paul McCartney e os Rolling Stones estão mostrando o caminho das pedras, sem trocadilhos (rsrsrs).
UM MEDO: Tenho quatro filhos: Diana, de 3 anos; Luis Eduardo, de 5; Isabela, de 7; Paola, de 32. Quando a gente tem filhos, morre de medo de tudo o tempo todo né? De assalto, de Coronavírus, de bullying. Mas faz parte…
UM DEFEITO: Não tenho saco pra burocracia e detesto ler manuais.
UM DESPRAZER: A política no Brasil.
UM INSUCESSO: São muitos, mas, sem eles, a gente não aprende nada. Um brinde aos insucessos, mas se eu tiver que escolher, um seria meu CD “Toquinho e Paulo Ricardo cantam Vinicius”, um belíssimo trabalho que pouca gente ouviu e que, por razões burocráticas, não está nos apps de música – uma pena.
UM IMPULSO: Como diria Sinatra, “I did it my way”, mas, se tivesse pensado bem, não teria tomado muitas decisões que tomei, como rescindir contratos.
UMA PARANOIA: O jurídico e o financeiro; tenho que prestar atenção redobrada senão a mente divaga e já viu, né? Escreveu, não leu…
Foto: Isabella Pinheiro