Chegando ao final de mais um ano… Ao longo dele, acumulamos e acumulamos: coisas ficam empilhadas nas mesas, nos armários e nas gavetas. No Japão, esta é a época do Osoji, a “grande limpeza”. Todos fazem, em mutirão ou individualmente, a limpeza dos escritórios, casas, dojos e templos. A limpeza e a arrumação são bem cuidadosas e feitas com muita atenção. Não só se limpa como também se joga fora ou doa-se aquilo que não mais é necessário. Os mestres do Zen sempre ensinam a máxima de que é preciso esvaziar para receber o novo. Somos como um recipiente: se ele está cheio, nada novo pode surgir, ficamos estagnados, sem mudar, sem crescer.
Tudo que temos e guardamos mantém um laço energético conosco. Quando nos desfazemos de algo que não mais nos é útil, nos sentimos mais leves. É como viajar com pouco peso, com pouca bagagem. Podemos andar leves e balançar os braços, apreciar a paisagem, pois estamos passeando.
Isso vale para tudo aquilo que guardamos em casa, nos armários, assim como para tudo que guardamos na mente, no corpo e no coração. Como parte do que pensamos e guardamos no coração, é desnecessário! Na verdade, algumas coisas são nocivas e nos fazem mal como um veneno: mágoa, rancor, raiva…
Costumo dizer que a energia do stress, das doenças e aflições é uma energia desordenada. Quando ficamos com muita coisa na cabeça, nossos pensamentos ficam desordenados e caóticos. Quando esvaziamos e organizamos nossos pensamentos, nos sentimos bem. Sentimos bem-estar e vigor para seguir adiante.
Saber pôr todo esse “lixo” fora é essencial, mas, primeiro, temos que identificar o que não mais é útil, o que nos faz mal. Os yogues limpam e organizam suas mentes através da meditação, da auto-observação. No corpo, através das posturas, não deixamos as tensões e emoções negativas ficarem presas. As massagens também ajudam a liberar o que guardamos no corpo. Na Índia, assim como na tradição do Yoga, usa-se o fogo nas cerimônias como elemento poderoso para queimar as energias estagnadas.
Estar vazio de si é a suprema liberdade. Estar vazio é contemplar e abraçar todas as coisas.
Desejo que todos possam ter a visão de tudo aquilo que não mais é necessário. Ter a coragem de se desfazer dos antigos padrões e de tudo aquilo que não mais lhes faz bem. E que um futuro radiante se abra, cheio de possibilidades de expansão e realização da verdadeira felicidade.
Om Shanti! Paz…