Depois do declínio do sol, a temperatura cai, e qualquer programa extensivo à rua fica ainda mais simpático. É ou não é? Algumas galerias cariocas desfrutam disso: estão instaladas em prédios ou casas que oferecem essa condição. Quem ama essa brisa na cara aproveitou a abertura da mostra “O ovo e a galinha”, na Simone Cadinelli Arte Contemporânea, na Aníbal de Mendonça, em Ipanema, nessa sexta (29/11).
O título é inspirado no conto homônimo de Clarice Lispector (1920-1977), escrito em 1964, antecipando as comemorações do centenário da escritora (2020). Os artistas Cláudio Tobinaga, Gabriela Noujaim, Jeane Terra, Jimson Vilela, Leandra Espírito Santo, Roberta Carvalho e Ursula Tautz — representados pela galeria — formaram duplas com trabalhos de Anna Bella Geiger, Cláudia Andujar, Cildo Meireles, Ivens Machado, Leticia Parente, Rubens Gerchman e Waltercio Caldas.
“Ao observar uma obra, é preciso olhá-la com atenção superficial, para não quebrá-la. É preciso tomar cuidado de não entendê-la”, diz o curador Ulisses Carrilho, fazendo um paralelo com o conto do ovo, cujo trecho diz “sendo impossível realmente compreender do ovo, sei que, se eu entendê-lo, é porque estou errado de alguma forma. Entender é a prova do erro”.