“Na abertura de “You don´t know me” (“Você não me conhece”), de Bruno Miguel, nessa terça (08/10), na Luciana Caravello Arte Contemporânea, em Ipanema, o também artista plástico Antonio Bokel dizia: “Além do talento do Bruno, a pesquisa de materiais dele é muito interessante — está sempre arriscando e, claro, descobrindo novas formas de fazer. A gente se acompanha desde sempre, somos amigos e da mesma geração”. O nome da mostra faz todo o sentido: nos últimos anos, Bruno expôs e fez residências mais no exterior, e muitas de suas séries, mostradas nos Estados Unidos, Alemanha e Peru, nunca foram vistas por aqui. Com curadoria de Agnaldo Farias, a mostra traz um recorte dos trabalhos produzidos nos últimos cinco anos, em sete séries em vários suportes, como pintura, escultura, desenhos e instalação.
Entre as obras, a instalação “Mesa de Jantar”, pinturas sobre pratos de porcelana e louça de barro comprados em leilões de antiguidade. “Os pratos têm relação com o grafismo urbano dos subúrbios do Rio, com as grades e as pichações que quem vive na cidade está acostumado a ver”, diz Bruno, que também faz uma alusão à sociedade do consumo em “O vazio que nos consome”, a partir de embalagens plásticas de produtos consumidos pelo próprio artista, que são lavadas, preenchidas com resina e tinta. “Elas têm relação do pop com o ambiente doméstico e falam sobre a fetichização do consumo, sobre o condicionamento social de que consumir faz parte da nossa estrutura”. Os convidados também adoraram a série “Candy”, um suporte de madeira coberto de resina com formas supercoloridas que lembram balas e doces — davam vontade real de tocar e comer.