Se François de Rugy, ministro do Meio Ambiente da França, conhecesse o ex-governador Sérgio Cabral, provavelmente estaria na “farra dos guardanapos”, em Paris, em 2009. Rugy pediu demissão nessa terça (16/07), depois das críticas sobre jantares caros pagos com dinheiro dos contribuintes. Segundo o site Mediapart, o ministro organizou jantares luxuosos entre 2016 e 2017, quando era presidente da Assembleia Nacional, em que eram servidos lagosta, champanhe e vinhos de até 500 euros (cerca de R$ 2.200) para 10 a 30 convidados, em sua maioria, amigos ou pessoas do círculo de sua mulher, Séverine de Rugy, jornalista da revista de celebridades Gala.
No entanto, a “farra da lagosta” do francês é fichinha perto da “farra dos guardanapos”, quando, em apenas uma noite, a turma “cabralina” — mais ou menos 150 pessoas, entre políticos e empresários cariocas (dentre os quais, Sérgio Cortês, Georges Sadala, Wilson Carlos e Fernando Cavendish) — protagonizou, verdadeiramente, “obscenidades” com o dinheiro público, no salão “The Travellers Club”, no Hotel La Paiva, na Champs-Élysées.
Na festança, que custou R$ 1,5 milhão, foram consumidas cerca de 300 garrafas de vinho e uísque, ravióli de lagosta, bacalhau (sem falar a parte que ninguém jamais vai saber) e até dancinhas na pista, ao som de “You never can tell”, de Chuck Berry, lembrando a cena clássica de Uma Thurman e John Travolta em “Pulp fiction”, de Quentin Tarantino. Ou seja, no quesito diversão com dinheiro público, Rugy tem que comer muito caviar para chegar ao patamar da corrupção e da falta de vergonha na cara dos políticos brasileiros. É ou não é?
Opinião, por Dani Barbi.