Quem não foi obrigado a ler Euclides da Cunha na escola? E ainda sem muita maturidade para entender a complexidade de um contexto regionalista, em meio a um conflito (Guerra de Canudos, na Bahia), com o início do Pré-modernismo? E aí você ama, odeia ou volta à leitura, até entender. Para revisitar “Os Sertões” (1902), considerado o primeiro livro-reportagem brasileiro, sobre o embate de Canudos, a Biblioteca Nacional, no Centro, inaugurou, nessa quinta-feira (04/07), a mostra “Euclides da Cunha. Os sertões, testemunho e apocalipse”, em homenagem aos 120 anos da morte do escritor carioca.
Numa espécie de “linha do tempo”, as curadoras Beatriz Jaguaribe, Maria Eduarda Marques e Helena Severo reuniram 130 peças do acervo da biblioteca, cinco desenhos a carvão de Adir Botelho, 14 imagens de Flávio de Barros e fotografias de Joaquim Marçal e Celso Brandão. “Para os idealistas da República, a incapacidade e a violência do Exército na guerra de Canudos sabotaram as aspirações de uma modernidade civilizadora. Para os seguidores de Antônio Conselheiro, o fim de Canudos significou desespero e morte. Das ruínas desta história, a escrita de Euclides da Cunha permanece como monumento narrativo e testemunho das cicatrizes da nação”, explicam as curadoras.
A propósito, Euclides da Cunha será o homenageado da Festa Literária de Paraty (Flip), que começa na próxima quarta (10/07), com um patamar acima: a cidade foi reconhecida, nesta sexta (05/07), como Patrimônio Cultural e Natural Mundial pela Unesco.