Diante do quadro apresentado no campo nacional — onde são múltiplas as tragédias “bíblicas” socioambientais sem a devida punição esperada; onde a biodiversidade de valor econômico incalculável continua sendo substituída pelas monoculturas e pastos geridos pela miopia da cultura do pau-brasil, isto é, usar até esgotar; e onde, por volta de 50% da população verde e amarela continua vivendo sem saneamento básico —, voltamos nossos olhares cansados para a cidade que, em 2014, sediou a primeira olimpíada da América Latina.
Aí mesmo é que dá vontade de sentar e chorar, pois passam-se os anos, passam-se as mais diversas promessas tanto em tempos de vacas gordas como magérrimas, e o ambiente da tal cidade “maravilhosa” continua apanhando feio das históricas chagas ambientais de nossa cidade, que ainda teima em não entender que, sem o ambiente bem gerido, não haverá futuro.
A fatura continua chegando, ora em doses homeopáticas, ora em doses cavalares, em que quem está no lugar errado e na hora errada transforma-se em mais uma vítima das estatísticas do crescimento urbano desordenado, logo esquecida por novas tragédias em gestação.
Soluções? Existem, mas não vejo vontade nem do poder público e muito menos da sociedade em aplicá-las, visto que muitas delas serão amargas, impopulares e dependerão da mudança de hábitos, coisa boa de se aplicar no quintal dos outros, principalmente num lugar que ainda vive como uma colônia de exploração do século XXI. Deus salve a criação!