Eu tinha a vida dos sonhos de muita gente. Na parte profissional, finalizei meu mestrado no renomado MIT (Massachusetts Institute of Technology), em Boston, nos Estados Unidos. Criei uma empresa de tecnologia, vendi-a para uma multinacional e voltei ao Brasil, para ser executivo de uma grande empresa. No âmbito pessoal, casado com a mulher que amo, dois filhos lindos. O que mais eu queria? Na prática, porém, havia um constante descontentamento, um vazio que eu não entendia nem muito menos sabia explicar o motivo.
Durante minhas reuniões de trabalho, passava o tempo todo rabiscando, desenhando. Foi assim, timidamente, que comecei a me aproximar das artes. Motivado pelo novo hobby, frequentei cursos de desenho e gravura no Parque Lage. Amigos que entendem do assunto me incentivaram, dizendo como meus desenhos tinham estilo próprio. Foi assim que descobri minha nova vocação. Desenvolvi uma linha de traços leves, mais variada, retratando paisagens, objetos abstratos, unindo várias técnicas de arte e impressão digital – uma experiência libertadora. O vazio foi preenchido e me deu ainda mais ânimo para empreender.
Então, em 2017, decidi mudar radicalmente. Abandonei o mundo corporativo e hoje sou um dos “loucos” que acreditam e empreendem no Brasil. Em 2018, abri o Ino, restaurante italiano, em Botafogo, e, de lá para cá, divido minha vida profissional entre a gastronomia e as artes plásticas. Passei a ser um homem mais feliz em todos os aspectos e, se me perguntarem hoje, digo sem medo: “Vá atrás do que te completa, arrisque. A vida é uma só.”
Paulo Ouro Preto é empresário da gastronomia (está à frente do restaurante ino., em Botafogo), investidor do Grupo St. Marché e artista plástico quando dá.