Cariocas e Zico – casamento sem crise! Bem-humorado, sincero, inteligente, e sempre num clima de humildade. Esse é apenas um resumo bem singelo da personalidade de Zico. Se fosse descrever títulos, méritos, história profissional e de vida, só caberia numa biografia bem gorda. Arthur Antunes Coimbra, Arthuzinho, Arthurzico ou Zico, entra nas comemorações dos 65 anos (completados nesse sábado, 03/03) com um golaço para os fãs de futebol e cerveja; para muitos, o casamento perfeito. Ele acaba de lançar, em parceria da Cervejaria Art Beer, a “Zico Art Beer”, um clube de assinaturas em que todo mês, durante um ano, o sócio vai receber um kit diferente, com duas garrafas exclusivas, além de copos específicos para cada estilo e um “card temático” contando um pouco sobre a história da carreira de um dos maiores jogadores de todos os tempos. Não adianta chorar, a bebida não vai estar em bares ou supermercados.
Mesmo não sendo um bebedor nato, o Galinho de Quintino é um apreciador moderado da “loura gelada”; participou apenas do processo de degustação, ou seja, experimentou e aprovou a primeira leva de 12 tipos, uma “american lager”. Mas, além disso, como ele vai comemorar a data? “Um almoço em família e mais nada”, diz ele, cuja família já encheria um estádio inteiro – ele é pai de três filhos, avô de sete netos, além dos cinco irmãos, inúmeros sobrinhos e os famosos agregados. Entre as novidades para 2018, está a renovação do contrato com o canal Esporte Interativo, do Grupo Turner, onde está desde 2011, além do programa “Noite dos Craques” e “Liga dos Campeões”. Ele também vai estar em mais um programa ou jogo por semana e vai participar da cobertura da Copa da Rússia. Ah, tem também as gravações do “Canal Zico 10”, no YouTube, sucesso há seis anos, com 590 mil inscritos (praticamente um precursor entre os youtubers) – um canal de variedades em que Zico recebe convidados ligados ao esporte ou não.
Como é sua relação com bebidas alcoólicas?
Sempre tomei uma cervejinha depois dos jogos, para relaxar, mas não sou um cara que bebe no cotidiano. Essa medida vem com a maturidade, em saborear, e não encher a cara. Raramente bebo em casa, somente nos fins de semana que tem feijoada, um churrasco, ou saio para comer uma pizza. Também gosto de um vinhozinho, saquê, que aprendi a beber quando morei no Japão, uma caipira de vodka de lima da Pérsia, algumas coisas.
Como surgiu a ideia de uma cerveja com seu nome?
O pessoal do Art Beer me mostrou o projeto com o Marcos (Marcos Roberto Silveira Reis, ex-goleiro do Palmeiras, que também lançou uma marca de cerveja), e acharam que ia dar pé comigo também. Trouxeram a cerveja para eu provar, gostei e aceitei fazer. Isso tem um mês, porque eles queriam aproveitar para lançar no meu aniversário.
Você participou do processo?
Só experimentei e acho que isto é o mais importante: aprovar o produto. A ideia é ter 12 tipos diferentes, e a gente vai ter que provar sempre, né? Cerveja não é sentar num bar e ficar tomando o dia inteiro; é para saborear, acompanhada de uma comida legal. E adorei o rótulo, achei bonito, bacana, e tem as três primeiras letras do meu nome, Art (Arthur).
Como vê a associação de atletas com bebidas alcoólicas?
Nada de mais; o problema é o excesso. Se tomar refrigerante demais vai passar mal, se comer demais, idem. Sempre bebi cerveja, e isso não afetou a minha saúde porque sempre fui uma pessoa moderada -bebo por prazer, e não pelo excesso. É bem diferente do cigarro, que faz mal à saúde. Não vejo nada de mal para um atleta tomar uma bebida depois do jogo; isso nunca atrapalhou minha carreira. O que faz mal é passar a noite em claro e uma série de outras coisas.
Mas e a barriguinha?
A gente corre e treina atrás do prejuízo porque a barriga já aumentou, mas agora não tem mais problema. Não sou vaidoso, mas me cuido pela saúde, ainda mais com sete netos: tem que brincar, correr, jogar bola…. Se não tiver saúde, nem no colo vou poder pegá-los. Bato bola até hoje, toda quarta-feira, há mais de 30 anos.
E as expectativas da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo?
Acho que o Brasil vai disputar a final, mesmo com o problema do Neymar (que operou o pé direito nesse sábado, 03/03), com previsão de três meses de recuperação. Em 2002, aconteceu problema parecido com Ronaldo (Fenômeno) e Rivaldo, e eles chegaram bem à Copa. O bom disso tudo é que tem a possibilidade de o Tite (técnico da Seleção brasileira) olhar o time sem o Neymar e fazer um plano B, que, em 2014, não teve (quando Neymar se machucou, e o Brasil perdeu de 7×0 para a Alemanha). A equipe ficou assustada – time nenhum deve depender desse ou daquele jogador. Tem que se tirar algum benefício dessa situação. O Paris Saint Germain não tinha Neymar no ano passado e ganhou de 4 x 0 do Barcelona. A vida é assim, de adaptações.
Tite escalou o time dos sonhos, e você estava lá, junto com Pelé. Qual seu time dos sonhos?
Nossa, que honra! Pra mim, o melhor time de todos os tempos teria que ter o Garrincha e o Pelé, mas, no Brasil, dá pra fazer três seleções; é muita gente boa.
O que é ser um ídolo pra você?
É trabalho bem feito, valorização da dedicação que tive durante todos esses anos, desde os 14 anos, quando entrei no Flamengo, sempre superando dificuldades e barreiras, determinado. Eu escolhi uma coisa e procurei fazer da melhor maneira possível, então isso é o reconhecimento. A gente gente recebe um dom de Deus, mas tem gente que não sabe aproveitar; eu o usei da melhor maneira possível. Deus não se arrependeu de ter colocado uma massinha (no molde) diferente em mim.
Como carioca, o que acha do atual momento do Rio?
Tudo é sobre a educação deixada de lado esses anos todos, a falta de apoio aos professores, às escolas, infraestrutura para as crianças estudarem. Os políticos entraram numa de colocar a individualidade acima de qualquer coisa, só pensando em bens materiais. Se eu tivesse o poder de decisão, a primeira coisa seria investir na educação, que serve pra tudo. Nunca pensei em ocupar um cargo político, mas aposto nas futuras gerações.
Algum recado ao prefeito da cidade?
Que ele seja prefeito. Ele foi eleito para um cargo e não faz ideia do que está fazendo. Deve ter dito “vou me candidatar, mas não sei o que quer dizer isso…”. Esse é o grande problema.