Fernando Meirelles está repensando seus conceitos religiosos. O diretor, que está em Buenos Aires rodando “The Pope”, sobre o Papa Francisco, teve uma ‘luz’ ao gravar a cena das confissões. Para que os atores não ficassem calados, ele pediu improvisação. “Um jovem sentou-se e confessou que mentia para a avó regularmente, dizendo-lhe que estava com a prima quando ia se encontrar com o namorado. Uma mulher sentia vontade de matar a sogra. Atores e roteiristas profissionais teriam dificuldade para fazer melhor”, contou Fernando no blog da produtora O2. “Ouvir aquilo tudo me fez repensar minha crítica à Igreja Católica por martelar a ideia do pecado e ocorreu-me que a confissão rotineira pode ser um ótimo exercício para a manutenção da saúde psíquica nestes tempos propensos a fundamentalismos e prepotência”.
O cineasta inclui aí os discursos de ódio e intolerância vistos ultimamente nas redes sociais, não só no Brasil como também no mundo. “Dos Estados Unidos ao Estado Islâmico, ninguém se sente mal em ser um ‘hater’. O confessionário, protegido pela pouca visibilidade de uma tela, não é distante de um divã. Às vezes, penso em voltar a fazer terapia, mas pensando na confissão, fiquei balançado: consultório ou confessionário? A confissão não é elitista, não precisa marcar hora; assim como uma terapia lacaniana, respeita o tempo do confessor, e ainda é de graça”.