Você não cheira, você não joga, você não trafica, você não trai, você não mente (sim, a gente acredita; isso é coisa de ficção – sei!), mas a “Força do Querer” não te passou indiferente – em algum momento, deve ter mexido com seu estado de espírito. A novela é um sucesso absurdo; além das estatísticas em si, é assunto geral, em classes, níveis e perfis variados: seja pela crítica, seja pelo elogio, seja pelo palpite. A novela é considerada um fenômeno, a mais vista do horário nos últimos tempos e a melhor da autora – em números e crítica – desde “O Clone”, de 2001 e 2002. No PNT (Painel Nacional de Televisão), a média do folhetim, em setembro foi de 39 pontos, com 59% de share — mais ou menos seis em cada dez televisores ligados estavam transmitindo. Ali tem de tudo: traição, tráfico de drogas e transexualidade. Perez foi buscar inspiração no interior do Brasil, especificamente no Pará, e mostrou suas crenças e costumes misturados a temas atuais. Segundo consta, a autora dava dicas até para a mecânica corporal dos artistas. Mas vamos ser inteiramente justos? Ninguém sabe explicar o que faz uma novela dá certo. Convidamos seis cariocas loucos pelo assunto e praticamente de luto com o último capítulo da novela, nesta sexta-feira (20/10). Veja suas opiniões (nomes em ordem alfabética):
Alex Lerner (jornalista): “Lilia Cabral conseguiu mostrar o que é o vicio (em jogo), dosando emoção com humor. A novela explorou a personalidade de cada um, as pessoas gostavam antes de tudo, dos personagens. Assistiam pra ver a Bibi, a Joyce, a Ivana. Mas o mais importante de tudo foi a Gloria Perez resgatar a essência da novela, que andava em baixa e provar que novela boa explode, sim. O problema não é com o gênero em si, é um problema de qualidade. Ela passou a novela inteira escrevendo de pé (a autora só escreve assim), mas quem está de pé no ultimo capítulo somos nós, aplaudindo.
Antonia Müller (estudante de Direito): “Gosto muito da Ritinha, ela é muito safa. O casal Eugênio e Joyce está maravilhoso – ela é uma supermãe, mas a personagem mais bacana é a Geyza. Acho, sobretudo, que a Gloria Perez retrata assuntos tão humanos e atuais. Assisto sempre, não perco. Só marco programa para depois da novela. Estudante de Direito”.
Glória Maria (jornalista): “Sou viciada na novela pelo conjunto da obra – é verdade que tem muitas patricinhas loucas pra virar bandida. A trama da Irene, por exemplo, é tipo retratos da vida: a gente tem que ficar de olho aberto, tem sempre uma Irene pronta pra dar o bote. A força do querer prende pelo texto maravilhoso real e a gente precisa de um choque de realidade. Temos aí a Lava-Jato: é tão surreal que parece ficção, difícil de acreditar, e a novela, que é ficção, está mostrando a realidade o tempo todo. Quando perco, vejo até no Globo Play, e às vezes durmo de madrugada”.
Patricia Viera (estilista): “Adoro a Gloria Perez, ela tem a coragem que a maioria não tem, além de ser realista e atual. Ali vemos desde a perua alienada muito bem retratada pela Maria Fernanda Cândido. Trata ainda de um tema tão importante, que é a compulsão (Lilia Cabral), sei muitos que têm esse problema, e não assumem. Todos os assuntos estão ali, as pessoas comem demais, bebem demais, amam demais – é uma história com muito movimento. Mais importante é que a Gloria mostra que cada um pode ser quem quiser. O que importa é ser feliz”.
Renata Reis (assessora de imprensa): “Gloria tem uma veia de jornalista forte e ela traz às tramas coisas do nosso interesse, do nosso dia a dia. Maria Fernanda (Cândido) está espetacular e embeleza a novela; o Dan (Stulbach) é o maior ator da atualidade. Ali tem junto vício, transexualidade, tráfico de drogas e deu tudo certo. a Bibi, com aquele charme irresistível. (Ela chamou os atores pelo nome, mas a Juliana Paes, chamou de Bibi)”.
Tereza Xavier (joalheira): “A Gloria sempre alerta para questões importantes nas suas tramas, a realidade do universo do tráfico de drogas, a séria dependência do jogo, as questões de gênero, os psicopatas e traz ainda o reconhecimento e valorização do trabalho dos cães heróis. A novela é muito rica, músicas lindas, é séria, divertida e tem sido surpreendente. Parabéns, Gloria Perez”.