É muito conhecida a caricatura do “homem das cavernas”, de tacape na mão, arrastando pelo chão atrás de si, presa pelos cabelos, a sua mulher finalmente capturada…
Cada vez que vou a um casamento, vejo exatamente o contrário: a mulher vitoriosa, de tacape em punho (disfarçado de buquê de flores), puxando pelo colarinho apertado a sua presa!
Quantas vezes disse e ouvi esta frase: ESTOU PERDENDO O MEU TEMPO! Principalmente de mulheres…
O que isso quer dizer, afinal?
Quando nós, mulheres, começamos uma relação é sempre cheia de esperança de que nos leve ao ALTAR, real ou simbólico. Temos a ideia de AMOR/CASAMENTO introjetada no fundo de nossa alma, embora muitas vezes, conscientemente, não o reconheçamos.
– Mas eu não queria me casar com ele…
MENTIRA! Todas nós queremos nos sentir amadas e PARA SEMPRE.
É possível que, em determinados momentos, a ideia de casamento não seja conveniente por algum motivo, mas, normalmente, é, e muito!
Se, por A ou B, a relação não dá certo, o sentimento de haver perdido tempo se instala em nós, seguido de frustração e da sensação de haver sido USADA.
QUALQUER TIPO DE RELACIONAMENTO ENVOLVE A TROCA DE INTERESSES.
Sejam quais forem as queixas, há um ganho proporcional para estarmos juntos com uma pessoa, mesmo quando nos traz mais sofrimento que alegria; e se é esse o caso, é porque precisamos do sofrimento.
Existem vários motivos que nos levam a buscar o sofrimento numa relação amorosa. Queremos ser vitimizados para nos sentirmos melhor que o outro ou fugir da responsabilidade dos próprios erros por alguma CULPA, consciente ou não, que precisamos equilibrar.
Precisamos nos vingar, provando que o outro é o responsável pela nossa infelicidade.
Muitas vezes, apenas porque papai e mamãe não foram felizes, precisamos recriar essa história. Competir pelo sofrimento…
Estamos numa relação e o fato de ela não terminar em casamento não quer dizer que não tenhamos tido momentos de prazer, tristeza, dor, alegria, enfim, de VIDA.
– Ah! Mas investi tanto de mim nessa relação…
Claro, para nos sentirmos vivos, temos que investir nosso SER inteiro naquilo que estamos fazendo ou sentindo; do contrário, estamos atuando mecanicamente – quando é assim, nem a memória permanece em nós.
Temos, até os dias de hoje, a ideia de que somos usadas pelos homens e jogadas fora depois de abusadas. E isso até pode acontecer, em casos de extrema violência, mas, na regra geral, estamos também tirando algum proveito da situação, seja ela qual for.
Na realidade, se existe USO (e existe), ele é recíproco.
Quantas mulheres usam o casamento para sair do jugo dos pais, às vezes pesado, e conseguir alguma liberdade?
Outras usam o casamento como uma pensão, uma garantia financeira para que não precisem ser responsáveis por sua manutenção pelo resto da vida.
Vejo mulheres que vivem com um homem por alguns anos e apenas pelo fato de terem compartilhado a mesma cama e os mesmos projetos durante algum tempo, se consideram no direito de dividir os bens ou receber uma pensão vitalícia. Como se fossem inválidas! E, dessa forma, perdem a chance de se manifestar no mundo com todo o seu potencial, sentindo-se internamente inúteis para sempre…
Olhamos para o HOMEM como para um BANCO DE PROVISÕES.
Colocamos nele as nossas responsabilidades: projetamos nele o nosso PAPAI ideal. Exigimos que nos respeite, nos ame, seja fiel (ai dele se achar a vizinha bonita…), nos sustente, assuma a responsabilidade pela educação de nossos filhos, tenha sucesso e, ainda por cima, que nos deseje (só a nós) durante anos…