Escolhida pelo diretor Alexei Waichenberg para interpretar, sábado e domingo (25 e 26/04), às 18h, o papel de Tiradentes nas escadarias da Alerj, no espetáculo “Nem tudo o que parece é”, a atriz Clara Choveaux está acostumada com papéis desafiadores.
Nascida no Paraguai, de mãe mineira e pai francês, e educada em São Paulo, Clara foi aos 17 anos para a França, onde participou de 18 filmes, entre eles “Tiresia”, de Bertrand Bonello, rodado em 2003. Indicado à Palma de Ouro em Cannes, nesse filme Clara interpretou um transexual que é sequestrado e, privado de tomar hormônios, volta à forma masculina. Foi a primeira atriz a usar prótese peniana no cinema, antes mesmo de Felicity Huffman no badalado “Transamérica”, de 2005.
“Saía com os travestis e prostitutas do Bois de Boulogne, cheguei a ser confundida e ‘cantada’ como homem. Nessa época, tive muitos pesadelos”, relata. Com Tiradentes, Clara tem sonhado, mas são sonhos tranquilos, de outra natureza.”Peço a ele proteção para o papel”, conta. Ela acredita que, antes de ser mulher, foi selecionada para o papel por ter a energia do personagem. “Sempre tive vontade de viver uma heroína de histórias em quadrinhos e ganhei muito mais, o papel de um herói nacional, um revolucionário e mártir”, fala, animada.
A atriz acaba de filmar “Meu amigo hindu”, filme de Hector Babenco que vai ser lançado em novembro, e onde faz uma punk ninfomaníaca, “super sexy”, segundo ela, e contracena com William Dafoe.
O lado feminino de Clara pode ser visto, também, na campanha de moda que fez para Lino Villaventura recentemente. “Adoraria desfilar e também fazer novelas”, diz a atriz, que está morando no Horto, no Rio.