A maioria de nós acha normal sofrer de alguma forma, emocional ou materialmente. Fomos criados como se a dor fizesse parte do caminho na conquista do que queremos. Funciona mais ou menos assim: "Primeiro eu me arrebento de trabalhar, depois alcanço o meu sossego, e aí eu posso ser feliz".
Não importa se eu acabo também com a saúde ou com relacionamentos importantes; não importa se não temos simplesmente tempo para ouvir as crianças ou o companheiro/a. Entendemos que temos que nos sacrificar durante onze meses para depois ter direito a lazer ou a relaxar efemeramente. Imaginamos que viver é isso: trabalho e lazer. Na verdade, só mudamos o nome da agenda de compromissos e horários.
Estamos focados apenas nessas duas coisas – enquanto vivemos num deles, já estamos nos preparando para o outro. Relegamos a um segundo plano o maior prazer, que é o da vida. Sim, ter prazer por estar vivo, vivendo experiências novas a cada instante. Simplesmente, prestar atenção no que a amiga ou o amigo ao lado está nos dizendo.
Devemos lembrar que, numa outra hora, podemos precisar de alguém para nos ouvir. Porque dentro desse processo de "corrida maluca", vamos vivendo dores de resfriados a perdas sentimentais. São desequilíbrios que criamos durante o caminho da conquista do prêmio ou do que chamamos de lazer.
O grande equívoco é porque, no estado natural da vida, tudo está em equilíbrio e harmonia. Nós fazemos a maioria das coisas com algum nível de desequilíbrio ou desarmonia quando tentamos manter o controle dos processos, o como e o quando. Essa tentativa de controlar é que gera todo tipo de dor. Abrindo mão do controle do que acontece no caminho, poderemos atender aos nossos desejos e manter o equilíbrio.
Por Ary Alonso (Espiritualista) 16/09/2009