Neste sábado (24/01) acontece a segunda e última parte do leilão do bloco “Vade Retro, Abacaxi”. São obras de artistas do porte de Ernesto Netto, Anna Bella Geiger, Chica Granchi, Xico Chaves e Laura Lima, dentre muitos outros, que têm lances a partir de R$ 100 e cujo valor final sai, na maioria, menos que a metade do preço de mercado.
Toda a renda vai para o desfile do bloco, dia 17 de fevereiro, na Praia do Diabo, Arpoador. Este ano, o tema é “Vade Retro Preconceito, Tabu e Intolerância”, escolhido muito antes da tragédia do dia 7 de janeiro, uma coincidência infeliz com o episódio do ataque terrorista à redação do jornal francês Charlie Hebdo.
O bloco é uma instituição à parte no carnaval carioca: desfila só em anos ímpares, desde 2003, e, formado só por artistas, seus componentes andam de ré, inclusive a bateria, e não tem camiseta padronizada nem cordão de isolamento. Segundo uma das fundadoras, Suely Farhi, o bloco surgiu de um grupo de artistas que se uniu para protestar contra a ideia do então prefeito Cesar Maia de trazer o Guggenheim para o Rio. “Não houve consulta popular, vimos que seria um deságue enorme de dinheiro, enquanto os museus estavam em péssimas condições”, conta Suely, que está emprestando seu atelier, na Tavares Bastos, para o leilão, a partir das 15h.
“O próprio leilão está se transformando em um evento performático, o ‘leiloeiro’ bate com o martelo na cabeça dos participantes e os artistas fazem a defesa de suas obras”, conta Suely, rindo com a descrição. O dinheiro arrecadado vai ser usado para pagar os músicos profissionais da bateria do bloco e para a confecção de alegorias, que são distribuídas para quem quiser participar do desfile.