Na “dependência” nos sentimos incapazes perante a vida, incapazes de nos suprir e de nos aguentar sem o outro. É a autoinvalidação, ou baixa estima e, consequentemente, o distanciamento de nosso próprio ser interior.
A sensação que temos é de que apenas existe o frágil ego que não é suficiente para preencher-nos, e o outro, então, se torna indispensável.
É comum ouvir de algumas mulheres infelizes:
“É melhor isso que nada!”
“Se eu me separar, o que farei com minha vida?”
“Como vou me sustentar?”
“E nossos bens? Ele vai me tirar tudo!”
“Afinal, aguentei todo esse tempo!”
“Não fui preparada para trabalhar ou não estudei…”
E pelo vil metal, pela ilusão de segurança, nos vendemos a uma vida insatisfeita, cheia de ressentimentos e tristezas, e que pouco a pouco vão roendo o corpo sob a forma de várias doenças.
Tudo ocasionado pela visão inferior de nós mesmos; por nos sentirmos fracas, vazias, incapazes. Pagamos essa proteção com o nosso corpo e mantendo a casa comum organizada. Empregadas domésticas ou prostitutas?
Na dependência, também o homem se sente incapaz de cuidar de sua vida no aspecto doméstico; o que ele faz com segurança na rua, com o outro, “na caça”, sente- se incapaz em sua própria casa:
“Quem vai cuidar de minhas roupas?”
“E a casa? Vou ter que lidar com as empregadas…”
“E quando eu ficar doente…”
“Quem vai tratar de mim?”
“Vou ser obrigado a comer fora, a fazer supermercado”.
“Preciso do movimento das crianças para esquecer minhas dificuldades no trabalho” (preciso esquecer de mim…)
A diferença dessas dificuldades está no fato de que a mulher tem o instinto de autopreservação mais desenvolvido, enquanto no homem é o instinto social o que comanda.
E seguiremos nos sentindo assim, enquanto não ousarmos desafiar esse olhar distorcido que nos mostra um ser pequeno e compartimentalizado fruto de uma crença limitadora, e que na realidade não existe.
Como pode algo criado à imagem e semelhança de Deus ser pequeno?