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Com a tempestade dessa quarta-feira (06/02), sabe quantas árvores foram ao chão no Rio? Por enquanto, 170, segundo o Centro de Operações Rio. Foi a violência dos ventos? Apenas em parte, já que, se essas árvores fossem bem cuidadas, poderiam estar de pé. Segundo consta, no Rio não existe um plano diretor de arborização urbana – as árvores andam fracas, maltratadas, mal podadas e, claro, ficam muito mais vulneráveis! Tivessem um tratamento adequado, muitas delas viveriam anos e anos. Inúmeras vivem na luta pela sobrevivência, como tantos cariocas. Por outro lado, existem também árvores centenárias – que racham as calçadas, causando inúmeros acidentes -, que poderiam ser arrancadas e substituídas por outras menos “agressivas” aos passantes e moradores.
A coluna conversou com Mário Moscatelli, biólogo, mestre em Ecologia, especialista em Gestão de Ecossistemas Costeiros e presidente do Instituo Manguezal: “Temos duas situações. Uma delas é a força da natureza – vi árvores saudáveis sendo arrancadas. Estamos falando de um vendaval de 110 quilômetros por hora. No costão da Av. Niemeyer, por exemplo, não existem habitações no trecho onde o barranco despencou; a mata, simplesmente, não suportou o volume de água. A outra situação é como anda a saúde das árvores no Rio. Você tem de tudo – desde o plantio, que confina o sistema radicular (raiz) num espaço mínimo, a ataques de cupins. Tem de haver um controle fitossanitário de pragas nas espécies. Cada caso deve ser analisado individualmente, mas, no Rio, temos todos eles juntos”, diz Mário.
O biólogo fala também do descaso da população: “Os cariocas já pagam um IPTU caro; mas não adianta pagar impostos se as pessoas não têm um olhar mais inteligente para as árvores. Todo mundo reclama que os galhos tapam a luz, a vista, mas ninguém pensa sobre a importância da árvore para o microclima, que está ficando cada vez mais esquisito. A Prefeitura pode melhorar o controle, mas o carioca tem que entender que a vida dele depende do verde para manter a estabilidade dos morros, o clima mais ameno… Existe uma relação de amor e ódio com as árvores da cidade, mas, infelizmente, o ódio está ganhando. Há 97 anos, o Rio nunca esteve tão quente. Se é natural ou de origem humana, temos que atuar mais permanente e frequentemente – talvez uma campanha de adoção.”