Rômulo Braga e Fátima Macedo; Marianna Brennand e Dira Paes; Antonia Pelegrino e Bárbara Paz /Fotos: Cristina Granato
Depois de ser a primeira brasileira a conquistar o prêmio da mostra Giornate Degli Autori, na última edição do Festival de Veneza, Marianna Brennand mostrou o “Manas” no Festival do Rio, nesse sábado (05/10), no Estação Net Gávea.
No elenco, a estreante Jamilli Correa, Dira Paes, Fátima Macedo e Rômulo Braga, além de atores e atrizes locais da região amazônica, onde foi filmado. O roteiro é de Felipe Sholl, Marcelo Grabowsky, Marianna Brennand, Antônia Pellegrino, Camila Agustini e Carolina Benevides.
Marianna decidiu fazer o filme ao saber dos casos de exploração sexual de crianças nas balsas do rio Tajapuru, na ilha de Marajó (PA). Logo depois de ganhar um edital da Agência Nacional de Cinema (Ancine), em 2014, começou as pesquisas para o trabalho, com várias viagens para a região. “No início da pesquisa, me deparei com uma questão ética muito séria. Era inaceitável para mim, como documentarista, colocar à frente da câmera crianças, adolescentes e mulheres para recontarem situações de abuso pelas quais haviam passado. Seria cometer mais uma violência contra elas. É um tema muito duro e complexo. O desafio era retratar não só uma dor física e emocional, mas também existencial, e isso foi algo que a ficção me permitiu trabalhar. Busquei estabelecer uma espécie de mergulho sensorial que conectasse o espectador à experiência emocional da protagonista. Eu optei por fincar o filme – em todos os seus aspectos – em um hipernaturalismo que se liga ao documental, abrindo mão de qualquer artifício que pudesse desviar da vivência dela e de seu inconsciente”, diz ela.
Dira interpreta a policial Aretha, baseado em pessoas reais, como o delegado Rodrigo Amorim, conhecido por combater a exploração sexual infantil naquelas balsas, e em Marie Henriqueta Ferreira Cavalcante, uma referência no enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes na região. “A personagem da Aretha foi escrita especialmente para a Dira, que foi uma grande parceira desde o começo. Ela sempre foi um farol para mim, uma mulher que me inspira pelo seu ativismo, uma das grandes atrizes brasileiras e uma mulher paraense que conhece muito bem a realidade que abordamos no filme”, diz Marianna.