Nas redes, internautas se tocaram de que 2024 marca a morte de dois sinônimos da velha televisão brasileira: Cid Moreira, nesta quinta (03/10), e Silvio Santos, em 17 de agosto passado.
Cid ganhou três Troféus Imprensa, prêmio por muito tempo apresentado por Silvio e, à época da morte do comunicador, Cid relembrou uma vez que ficou 20 minutos no palco do prêmio, conversando e brincando com o Dono do Baú. “Eu trabalhava em São Paulo e ele, no Rio, mas pelo menos três vezes eu fui lá ganhar o troféu. E em uma dessas vezes, nós ficamos 20 minutos no palco, brincando um com o outro. Isso foi a parte hilariante do meu contato com ele”, relembrou Cid, que fez uma despedida ao apresentador em suas redes, em agosto.
Segundo o escritor Fábio Fabato, autor de livros sobre o carnaval e atento à cultura popular, foi um “enterro definitivo da caixa de raios catódicos do século XX, das reuniões familiares em torno de um monstrengo pesado com imagem levemente esverdeada, do Bom Bril cuidadosamente repousado na cabeça da antena. O cenário acima já estava completamente modificado, mas a passagem dos mitos ritualiza o fim”.
Segue o texto de Fábio sobre o “fim” de uma era:
“Ao mirar o TP, Cid sedimentou algumas visões sobre o século passado, ainda que muitas delas com ares de retumbante equívoco. A corrida espacial explosiva nos foi narrada por ele, a URSS e o Muro de Berlim desabaram com aquele tom grave, a edição do Jornal Nacional que premiou Collor contra Lula, em 89. Assim como as mortes de Elvis, John Lennon, Elis Regina. O desfile de um tempo e uma dúvida: apresentava o telejornal de bermuda? Em 15 de março de 1994, o então governador do Rio, Leonel Brizola, conseguiu direito de resposta contra a TV Globo durante o JN. Foi Cid quem leu o texto. À frente, já longe da bancada, Cid ainda brilhou ao lado do personagem Mr. M, mágico mascarado afetadíssimo que abocanhava bom naco de tempo do Fantástico. Vendeu, ainda, milhões de Bíblias narradas por ele, projeto de inquestionável sucesso. Se, ante a partida de Silvio Santos, a antiga televisão perdera o homem da festa, agora, se despede a voz cristalizada dos recortes de uma era. Boa noite!”
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