Os corredores do Shopping da Gávea não viam aquela loucura de gente num sábado à noite, como em tempos de Festival do Rio, todos em direção às salas lotadas do Estação. Na première do festival, “3 Obás de Xangô”, longa dirigido por Sérgio Machado, sobre a amizade e conexão cultural entre Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé. “Quase todos os meus trabalhos foram lançados no Festival do Rio e, como alguém que morou na cidade por muitos anos, sinto uma conexão profunda com esse lugar e com o público. Ver o filme, que acabou de ficar pronto, estrear no Festival, especialmente na presença de familiares dos três homenageados, torna tudo ainda mais significativo. Eu tenho uma relação muito especial com os três Obás. Jorge Amado foi uma espécie de padrinho da minha chegada ao cinema; a música de Caymmi e os desenhos de Carybé serviram de base para longas como ‘Cidade Baixa’ e ‘Quincas Berro D’água’”, diz Sérgio.
O filme revela como esses três artistas, elevados ao título de Obás de Xangô pela lendária Mãe Senhora, do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, documentaram a vida baiana em suas obras. Para eles, o orgulho de carregar esse título era inseparável da missão de documentar a vida cotidiana, as cores e os ritmos das ruas de Salvador. Era dessa vivência que suas obras se alimentavam — os livros de Jorge, as canções de Caymmi e as pinturas de Carybé não só retratavam a cidade, mas ajudavam a definir o que significa ser baiano.
“O filme de Sérgio é um documentário fundamental para quem quer entender a história da Bahia, a partir do século XX: a Bahia do Candomblé, a Bahia da capoeira, a Bahia de Jorge Amado, de Dorival Caymmi e de Carybé. É um filme que, tenho certeza, será daqueles que ficam para sempre”, disse o produtor Diogo Dahl.