A relação se desgastou.
Incompatibilidade de gênios.
Problemas de agenda.
Falta de respeito.
Falta de diálogo.
É assim que acaba um relacionamento.
O nosso começou em 14 de outubro de 2008 e rendeu 4.998 amigos e 43.569 seguidores (o número oscila feito a cotação do dólar – mas, ao contrário deste, nem sempre para mais). A quantidade de inimigos é incerta, mas com certeza está na casa de muitos milhares (e, feito o dólar, aumentando sem parar).
Foi bom enquanto durou, mas a fila anda.
Quer dizer, foi bom e não foi.
Por causa dela ela, me peguei batendo boca com quem eu não desperdiçaria uma sílaba. Me chateei com comentários de gente que não tenho ideia de quem seja. Fiquei feliz por um polegarzinho anônimo, voltado para cima.
Por causa dela, beijei na boca (metaforicamente) de quem não devia, peguei na mão de quem não conhecia. Por pouco não postei selfie em traje de maiô – e o meu sossego quase se acabou.
Não levo uma vida instagramável, não gosto de me ver em vídeo, o que quero dizer não cabe em 280 caracteres e não sei fazer dancinha. Então o que me sobrou foi ela, a rede dos textões do tio Zucka.
Não posso dizer que não tenha sido feliz. Conheci gente fina, elegante e sincera, que me abriu muitas oportunidades (uma delas é estar aqui, todo domingo, junto com as entrevistas invertidas, as f…utilidades, as declarações de próprio punho, o “quem é quem” do Rio de Janeiro).
Mas a rede social tem tudo para transformar um caso fortuito num relacionamento tóxico.
Ela tem ciúme, e não me deixa compartilhar conteúdos de outras redes.
Ela me tira do ar, sem direito de defesa.
Ela me restringe a liberdade de expressão.
Ela tem razões que a minha razão desconhece.
As redes sociais precisam mais de nós que nós, delas.
Sim, é sempre possível uma reconciliação. Ensaiar uma volta em outras bases. Num relacionamento aberto. Em casas separadas, sei lá.
É bom nunca dizer ‘nunca’, não destruir senhas, não queimar navios.
Mas preciso de mais tempo para a vida real, para as coisas reais – como os livros, os abraços, os cachorros.
Eu desconfio que o meu caso com uma certa rede social está na hora de acabar.