Se a palavra “ícone” não estivesse tão queimada, digamos assim, poderia ser dito que essa terça (28/05) juntou dois ícones da psicanálise carioca, na Travessa do Shopping Leblon, para o lançamento de “Guerra e política em psicanálise”, de Joel Birman, que convidou o amigo e psicanalista como ele, Jurandir Freire Costa, com quem trabalhou por 50 anos na UERJ, para um debate, antes dos autógrafos.
Joel, com consultório sempre lotado, na Gávea, é ganhador de três prêmios Jabuti. E como disse um intelectual, “pode estar vindo o quarto por aí”. E deram-se cenas pouco vistas ali — silêncio total durante a hora de duração, com a plateia meio que hipnotizada. Também se ouviram palmas para os 80 anos de Jurandir e quase cinco minutos de aplausos ao final da dupla palestra. Um dos convidados mostrou os pelos do braço, arrepiados, e dizia que “isso não é um bate-papo, é uma verdadeira aula!”
No livro, o psicanalista refaz o percurso freudiano sobre o conceito de guerra e suas relações com a política. Ele propõe crítica a relações polêmicas com o movimento psicanalítico, tentando compreender as estruturas sociais e políticas que explicariam por que, depois de 100 de paz na Europa (entre as guerras de Napoleão e a Primeira Guerra Mundial), as sociedades mais evoluídas promoveriam um novo banho de sangue e por que as massas aceitavam, com tanta facilidade, colocar a vida a serviço das elites. O autor também contextualiza temas atuais, como o conflito na Palestina, por exemplo.