Uma galeria sai, e entra outra. O mercado de artes plásticas não é exatamente um problema na vida carioca: a antiga Lurixs, na Dias Ferreira, Leblon, deu lugar à Flexa. Para isso, conta com a expertise e o acesso ao acervo da paulistana Almeida & Dale, de onde vêm dois de seus cinco sócios: Antônio Almeida e Carlos Dale – e os cariocas Pedro Buarque, diretor-executivo, Luisa Duarte, diretora artística, e Maria Ferro, diretora comercial. A identidade visual é assinada pelo diretor de arte Giovanni Bianco.
O nome veio do adjetivo flexo, de natureza flexível, bem como a proposta do espaço, com um olhar contemporâneo que pretende promover encontros entre gerações, resgates históricos e incentivar a formação de coleções.
“O Rio foi, por décadas, o polo mais importante do mercado de arte, mas perdeu protagonismo ao longo dos últimos anos, enquanto São Paulo se tornou efervescente. Acho que podemos contribuir para fortalecer o Rio e dar representatividade à cidade nesta cena”, diz Pedro Buarque, que tem história na área. Seu pai, o advogado e colecionador Luiz Buarque de Hollanda, foi sócio da galeria Luiz Buarque de Hollanda & Paulo Bittencourt, nas décadas de 1970 e 80. “Minha infância foi cercada de artistas, tudo isso é bem familiar: Cildo (Meirelles), Tunga, Lygia (Clark)… Bateu o DNA. Arte pra gente é arte boa, isso é muito importante. Pode ser neoconcreta, moderna, contemporânea. Temos uma curadoria para trabalhar com obras e artistas em cujo potencial a gente acredite”, diz ele, que é casado com Adriana Varejão, brasileira destacada na profissão.
A mostra inaugural é “Rio: a medida da terra”, uma produção entre 1821 e 2024, tendo a cidade como tema ou inspiração, com trabalhos de 40 artistas, que vão de Taunay, Timóteo da Costa, Goeldi, Heitor dos Prazeres, até nomes como Márcia Falcão, Agrippina Roma Manhattan, Panmela Castro e Allan Weber.
Luisa Duarte também cresceu cercada por artistas – é filha do crítico e professor de História da Arte Paulo Sergio Duarte e atua como crítica de arte e curadora há 20 anos. Ela voltou de SP, onde era diretora artística da galeria Gomide & Co., para se dedicar inteiramente.