Um jacaré de 2,7 metros de comprimento foi encontrado morto, com um pneu preso em seu corpo, na Lagoinha das Taxas, no Parque Chico Mendes, no Recreio. O “lixo” descartado impediu o animal de se alimentar e movimentar, fazendo-o agonizar até a morte, segundo o biólogo Mario Moscatelli. “O nome Baixada de Jacarepaguá se deve à presença desse imponente e até então abundante e belo réptil. Como tudo em nossa cidade, ele e as demais espécies nativas vêm sendo destituídas de seus ambientes, caçadas e muitas vezes exterminadas. Na última semana, tiraram outro morto com 2,3 metros, aparentemente também por causa do lixo”, diz ele.
Em outubro passado, a foto de um jacaré morto dentro de um pneu na lagoa de Jacarepaguá viralizou nas redes, com a alta poluição ali que tem prejudicado a pesca e a vida dos animais – o complexo abrange as lagoas de Jacarepaguá, do Camorim, das Taxas, da Tijuca e de Marapendi.
Moscatelli trabalha na região desde 1992 e, em parceria com estado e município, ajudou a implantar ecobarreiras nos principais rios e canais que deságuam no sistema lagunar; mesmo assim, o lixo continua a toda. “Não há dúvida de quem irá ganhar essa guerra. Estamos avisando para os delinquentes ambientais e demais omissos que, diante dessa tragédia, a natureza, que não é e nunca foi ou será política, portanto, não terá piedade de quem estiver na frente, na hora e no lugar errado. Já tivemos uma pandemia que nos colocou de joelhos; já tivemos chuvas torrenciais em que, até hoje, há pessoas desaparecidas. O que chamamos de civilização só funciona com a presença de todas as espécies que naturalmente podem ser extintas e substituídas por outras, mas não na velocidade imposta irracionalmente pela espécie humana”.