Praticamente todos os projetos do diretor português Pedro Varela, apaixonado pelo Brasil, têm alguma conecção com o país. Ele costuma dizer que “é um lugar de cultura vasta” — pegou um tema visto em abundância para o tema do longa “Vidro Fumê”, sobre a violência contra as mulheres, baseado numa história real, lançado nessa terça (23/04), no Espaço Itaú de Cinema, em Botafogo. Uma das atrizes, a britânica Ellie Bamber, que tem até fã clube no Brasil, não veio por estar em outra produção, mas mandou um vídeo no qual ela interpreta Mary, uma gringa morando no Rio que sofre um sequestro-relâmpago com o namorado, interpretado pelo ator James Frecheville, numa noite de terror, dentro de uma van.
O crime aconteceu em 2013, com repercussão mundial, de uma turista americana estuprada, quando o casal veio participar de um intercâmbio. Eles moravam em Copacabana; decidiram ir para a Lapa e embarcaram na van, passando momentos de terror por seis horas. O jovem francês, de 23 anos, foi algemado e espancado com a chave de roda do carro, enquanto era obrigado a ver a namorada americana, de 21 anos, ser agredida repetidas vezes.
“Desde a etapa de desenvolvimento até a finalização, o filme passou por grandes transformações, um amadurecimento da ideia central e da abordagem para tratar de um assunto tão delicado”, disse Pedro.
As gravações começaram antes da covid; até a segunda etapa de filmagens, a história ganhou novos rumos. “Apesar de partir da história do crime real reencenado pela personagem Mary, havia todo um entorno com potencial de ser aprofundado, como a questão da desigualdade social”, afirma o cineasta, que recebeu ajuda da roteirista brasileira Luciana Bezerra, negra e ativista.