Foi aberta a “Caboclos da Amazônia: arquitetura, design e música”, nessa quarta (17/04), no Paço Imperial, organizada pelo designer paraense Carlos Alcantarino, que mora no Rio desde 1982, mas que sempre está no Pará.
As palavras e frases vistas nas paredes, como “Foi Deus que mideu”, “Lady”, “Princeza” (com Z mesmo), “Pérola” etc., foram feitas, algumas em performance ao vivo, por Idaias Dias de Freitas, “abridor de letras” — como são conhecidos os artistas que pintam nomes, dizeres e palavras nos barcos, muros e fachadas da região amazônica. Ele veio exclusivamente para a exposição.
São mais de 300 peças organizadas em quatro categorias: Arquitetura e Interiores, Objetos, Letras e Música – mostrando a riqueza das expressões artísticas do estado. Carlos começou a fotografar e observar a arte, a cultura, o design e modo de vida da população ribeirinha durante suas viagens pelas ilhas de Belém e braços de rios da região; de início, ele pensava em fazer um livro de arte sobre a arquitetura ribeirinha. No entanto, a ideia cresceu depois de um congresso de Arquitetura no Rio, quando recebeu o convite para montar a mostra. “Ficava imaginando projetos de renomados arquitetos, e, cada vez mais, essa arquitetura invisível e pura do caboclo me parecia a melhor alternativa para acompanhar a floresta, protagonista da cena. Viajei pelo Marajó, fotografando vilas de pescadores e centros urbanos; entrei nessas casas e deparei com uma explosão de cores. É interessante essa completa dissociação da arquitetura e decoração com o restante do país, onde o minimalismo e as cores neutras predominam. E as letras abertas que denominam os barcos amazônicos, um legado que muitas vezes passa de pai para filho, criando intuitivamente uma identidade gráfica”, diz ele.
A mostra já esteve em Belém, São Paulo e Belo Horizonte. “Hoje em dia, se fala muito na floresta amazônica, mas pouco se fala sobre o que é produzido na Amazônia, o que as pessoas que habitam a região produzem. Então, essa é uma forma de apresentar isso aos cariocas”, finaliza Carlos.
Para demais sensações, você pode visitar a Amazônia.