Carolyna Aguiar reestreou “Lygia”, monólogo criado a partir dos diários da pintora e escultora Lygia Clark (1920-1988), dirigida por Bel Kutner, nessa terça (05/03), no Teatro Poeira, em Botafogo. Estavam lá os netos da artista: Bianca e Miguel Clark. Os diários, além de sua criação, trazem percepções, desilusões, amores, temores, dúvidas e desencantamentos com o mundo da arte.
“O espetáculo é um convite ao vasto mundo interior desta mulher, não da artista plástica, não da terapeuta, mas da Lygia, pura e simplesmente. O que Lygia queria era provar que a arte era um sentimento, não um objeto de apreciação; ela foi experimentação estética do começo ao fim. Ao ser encontrada morta, sentada na poltrona, vestida e penteada, diante de uma televisão desligada, como fazia todos os dias, uma pergunta se impôs: até na morte, ela foi obra de arte? Cremos que sim”, diz Maria Clara Mattos, autora e codiretora.
Indicada na categoria de Melhor Dramaturgia pelo Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) em 2022, o espetáculo pretende democratizar o trabalho da artista. “Quando começamos a mergulhar no universo da Lygia, querendo conhecer mais da mulher, da história pessoal, mais nos interessamos pelas obras e pela trajetória, e por como isso foi se afunilando até ela se transformar numa pessoa que trabalhava como o teatro faz, que é na interação. Nada mais teatral do que a própria Lygia”, define Bel.