Mesmo com toda a sua trajetória, nada abala o frescor do Menino Maluquinho — deve ter o mesmo colágeno de 44 anos, quando foi criado (rsrsrs). Ao chegar em frente ao CCBB, no Centro, isso ficava claro ao vê-lo inflável com 6 metros de altura, recebendo os visitantes da exposição interativa “Mundo Zira”, com vários dos personagens de Ziraldo (91 anos completados em outubro), inaugurada nessa terça (05/03). A mostra chega depois de uma estreia no CCBB Brasília, em 2022, vista por 65 mil visitantes. “Meu pai sempre fala que ‘ler é mais importante do que estudar’. A literatura transforma a vida, faz a pessoa se colocar no lugar do outro. Queremos levar isso para a exposição, que não é só para crianças”, diz Daniela Thomas, filha de Ziraldo, que assina a curadoria com Adriana Lins, sobrinha do artista.
E, parece, os adultos viraram crianças ao ver os personagens que também fizeram parte da vida de todos, como “Flicts”, por exemplo, a estreia do autor no infantojuvenil, em que o visitante é convidado a ler o livro num telão que vai do chão ao teto, sendo que, para seguir com as páginas, é preciso usar as mãos com movimentos que lembram os de um maestro, tudo com trilha composta por Sérgio Ricardo; ou “O Menino Quadradinho” e “A Turma do Pererê”.
“Quando pensamos nas criações de Ziraldo, pensamos no prazer, no fascínio e na alegria que ele consegue transmitir. Nessa mostra, queremos ir além das páginas, sair do papel, recriando uma conversa com o seu acervo”, completa Daniela, que, no discurso de abertura, também disse: “Nossa família só tem artista, mas vieram dois advogados, que estão aqui pra cuidar das coisas erradas que o Menino Maluquinho faz”.
São sucessos garantidos: um quebra-cabeça que reúne telas com partes dos corpos dos personagens para encaixar, mesas de colorir digitalmente e um filme do visitante, que aparece dentro de um quadrinho, como se fizesse parte da história. E tem até a hora de brincar de pique-esconde numa sala coberta de projeções de uma floresta.
Ziraldo sofreu dois AVCs em 2018, recuperou-se, mas, em seguida, veio a pandemia, que o manteve em casa. Com saúde frágil, por ora, não pôde visitar a mostra.