Pelo menos na quinta à noite (21/03), ninguém teve medo da chuva fraca que caía no Centro. Deborah Colker garantiu boas emoções ao Theatro Municipal, lotado, para assistir ao seu novo espetáculo, “Sagração”, comemorando 30 anos da companhia — declarada, em 17 de janeiro, patrimônio imaterial do estado pela Alerj —, de volta ao palco onde tudo começou. É uma versão para “A sagração da Primavera”, clássico de Igor Stravinsky, na qual a criatividade da coreógrafa inclui ritmos brasileiros. Enquanto o compositor russo se inspirou em mitos ancestrais do seu país, Colker, também pianista, usou histórias dos povos originários brasileiros. O processo durou dois anos e meio. “Stravinsky foi responsável por pontos de ruptura e provocação entre o erudito e o primitivo. ‘A Sagração da Primavera’ representa esses pontos de evolução da humanidade”, explicou ela.
Durante os quase 70 minutos de apresentação, a plateia fica completamente tomada pelos ritmos, com direção musical de Alexandre Elias (apaixonado pela “Sagração da Primavera” desde a adolescência), pelos figurinos de Cláudia Kopke e a cenografia de Gringo Cardia, que colocou em cena 170 bambus de 4 metros de altura, alusão às florestas.
Por fim, mas com cara de começo, bolo e festa no Salão Assyrio, porque 30 anos não são 30 dias! rsrsrsrsrsrs “Ao longo desses anos, assistimos a muitas transformações na cultura, participando dela, na política e na economia. Chegamos até aqui porque temos esse espírito de evolução, que é um tema muito precioso para o novo espetáculo”, disse João Elias, diretor-executivo da companhia, que ele fundou junto com Colker.