Foi aberta a temporada de jantares a quatro mãos em tudo que é canto no Rio, reunindo cozinhas afins e outras nem tanto. Será que tudo que se junta dá liga?
“Duas cozinhas fortes, de sabor e muita cultura”: essa foi a descrição de um chef peruano e um baiano nessa terça (27/03). Mas qual é o sabor da mistura entre a Bahia e o Peru? Marco Espinoza, um craque na arte de dividir o fogão com outros craques, recebeu, no seu Lima, em Botafogo, Fabrício Chagas, que serve comida baiana no Sebastian, na Gávea. O resultado foi acarajé ao molho de ají amarillo, shot de leite de tigre (base do ceviche) com atum e lula crocante, lambretas, lâminas de polvo com abacate, barriga de porco com pimentas peruanas, cappelletti de batata-doce e rapadura e peixe frito empanado no fubá com farofinha de copioba, vinagrete de fumeiro, feijão-verde e maxixe. A liga super funcionou. Melhor ainda para quem harmonizou com um ou os dois coquetéis da noite: rosca de seriguela de pituaçu (de Manoel Silva, do Sebastian) e pisco sour de folha de coca e maracujá (Geral Garcia, Lima). Os mixologistas também compartilharam a bancada, que foi um show à parte.
Nesta sexta (01/03), para celebrar os 459 anos da cidade, as duas unidades cariocas do hotel Hilton vão unir os chefs Pablo Ferreyra (de Copacabana) e Felipe Moreira (Barra) na filial da Zona Sul (R$ 280 + taxas) para criarem um menu degustação com seis pratos. A ideia, me contou Ferreyra, é encontrar o que ambos exploram da “culinária” carioca, como o famoso picadinho, desta vez, servido com farofa de pitanga.
“É uma fruta que nos une, originária da Mata Atlântica, do norte da Argentina até quase Brasília. A maior concentração do plantio da fruta está no Rio; seu nome vem do Tupi-Guarani, vizinho dos Tupiniquim, que também a consumiam”, informa Ferreyra.
Argentino morando no Rio há mais de 20 anos, Pablo foi um dos pupilos de Roland Villard no Le Pré Catelan (Sofitel), ao lado de Elia Schramm, Paula Prandini e Ricardo Lapeyre.
De sobremesa, o destaque promete ser a cheesecake Romeu e Julieta, “sobremesa favorita da Clarice Lispector”, conta Felipe Moreira. Clarice dá nome a um restaurante do Hilton de Copa; por anos, ela morou naquele pedaço da orla, mais para o Leme.
E como também é o Mês da Mulher, o Maria e o Boi, Ipanema, vai promover o “Maria e o Brasil”, dia 14 de março, um encontro da titular da casa, a chef Vanessa Rocha (que imprime uma cozinha regional) e Adriana Veloso, do Pescados na Brasa, totalmente voltada para a culinária paraense. As duas vão preparar um jantar com menu brasileiríssimo (R$ 178), o que quer dizer pastel de pirarucu, queijo coalho e vatapá; filhote com açaí, vinagrete de feijão Santarém com pimentas de cheiro e farinha-d’água e pavê de cupuaçu e bacuri com biscoitos caseiros de castanhas-do-pará. Informações no 3502-4634.
Omakasse a dois, funciona?
Uilian Goya, o chef do Goya Zushi, um dos melhores japas de SP, vem ao Rio para um jantar a quatro mãos com Guilherme Campos, do Shiso, na Barra. O encontro será para celebrar os oito anos da filial carioca do hotel Grand Hyatt, no dia 28 de março. A dupla servirá um omakase (menu “confiança”) de sete tempos, harmonizado com saquês premium (R$ 670).
Uilian Goya tem passagem pelo Kinoshita, na Vila Nova Conceição, onde foi sous chef de Tsuyoshi Murakami, hoje proprietário do prestigiado Murakami. No Goya, ele entrega nas mãos do comensal iguarias como tempurá de enguia de pele crocante, o chawanmushi (flã de ovos que pode ter olho-de-boi, tentáculos de lula, cogumelos shiitake e shimeji mais a couve mizuna) e o kamameshi, um cozido de arroz e olho-de-boi ao lado de missoshiru com acelga bok shoy mais picles de cebola, pepino e tomate-cereja.
Com passagem pela escola Nagoya Sushi, o paulistano (e faixa preta de jiu-jítsu) Guilherme Campos assumiu o Shiso há dois anos, casa que já foi eleita a melhor do Rio no Prêmio Rio Show de Gastronomia. Por lá, vem fazendo um bem enorme à culinária nipônica servida em solo carioca, encantando os clientes que se sentam naquele balcão acolhedor com seu shot de milhões, com gema de ovo de codorna e ovas variadas, e a bochecha de peixe para comer com as mãos, além de cortes variados de peixes da nossa costa e diversos preparos e até conservas. Irashaimase!!!