Algumas citações do ano publicadas na coluna (em ordem decrescente), quase sempre sobre um acontecimento do momento:
17.12 — Do escritor e palestrante Eduardo Zugaib sobre o mito de que resoluções de fim de ano podem gerar mudanças: “Atribuímos um poder mágico ao primeiro dia do ano, que se mostra completamente irreal conforme as primeiras semanas do ano avançam, e a realidade, também conhecida como rotina, se impõe. Pensamento positivo, quando não acompanhado de atitudes positivas, é receita certa de frustração”.
12.12 – Do produtor e diretor de cinema e TV Ricardo Nauenberg, depois de atingido por um motoboy em altíssima velocidade resultando numa fratura exposta: “É preciso urgentemente uma larga campanha educativa da Prefeitura, acompanhada de um rigor implacável da Guarda Municipal/Polícia, para evitar que motoboys alucinados se equiparem a fuzis AK47 manuseados por jovens ou adultos irresponsáveis, pois o dano potencial é o mesmo”.
09.12 – Do neurocirurgião Orlando Maia, diretor do Interneuro, na Barra, sobre a atenção ao calor extremo: “A onda de calor vai persistir até 2024 e acende um alerta para problemas de coagulação. O calor pode afetar pessoas de qualquer idade, mas levajovens e saudáveis a situação de maior risco, porque costumam ser mais resistentes e demoram mais a sentir os primeiros sintomas de desidratação”.
04.12 – Do chef Camilo Vanazzi, do Émile, no hotel Emiliano, em Copa, sobre o que seria “loucura” do seu ponto de vista: “Loucura é investirmos rios de dinheiro em tecnologia/Nasa/Melhorias futuristas se não conseguimos nem resolver os problemas básicos do Planeta, como fome, desmatamento e saneamento”.
24.11 – De Roberta Sudbrack, chef destacada no Brasil, à frente do “Sud, o pássaro verde: “Cozinhar precisa ser divertido. Engana-se quem pensa que só o comensal merece se divertir. O cozinheiro merece, e precisa!”.
14.11 – Do escritor Silviano Santiago, vencedor do Prêmio Camões 2022: “O reconhecimento fortalece, é a garantia de que não estou tão errado no meu caminho. Sempre fiz o que gostaria de fazer, mas já fiz também sacrifícios de muita coisa — trabalhei tanto, lutei tanto!…”
01.11 – De Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Bope e um dos maiores especialistas em segurança pública do País: “O Rio de Janeiro é o estado onde cinco governadores foram presos, Rio é a cidade onde o prefeito foi preso, Rio certamente é pior que Gothan CIity. O crime organizado no estado apenas se aproveita da corrupção e do desgoverno”.
24.10 – Da psiquiatra Maria Francisca Mauro (com consultório no Leblon), sobre os efeitos de uma guerra nas pessoas: “O conflito atual Israel x Palestina traduz histórias e personagens com maior proximidade afetiva com muitos cariocas. E laços afetivos ou uma maior empatia acabam por nos deixar mais identificados com todo esse cenário do conflito”.
16.10 – Da paulistana Marlise de Andrade Corsato, museóloga e irmã de Marcos de Andrade Corsato, um dos médicos mortos por engano na Barra, dia 05/10: “Meu irmão era meu cúmplice, meu passado transportado para o presente e, agora, estilhaçado para sempre”.
25.09 – Do economista Henrique João Pinheiro, filho do advogado João Pinheiro Neto (1928-2006), sobre a produção do documentário “Terra Revolta — João Pinheiro Neto e a Reforma Agrária”, a ser lançado em abril de 2024: “Meu pai foi um homem que desafiou as regras e padrões da classe média alta em que se inseria para defender os direitos sociais de trabalhadores pobres no campo. Cassado e preso com o golpe de 64, foi desprezado tanto pelos ricos, que o enxergaram como traidor, quanto pela esquerda, que não o aceitava pelas ideias independentes”.
18.09 – Da psicóloga Karina Okajima Fukumitsu, referência em suicidologia, no setembro amarelo: “Esse ‘descaso’ com os cuidados ao ser humano resulta na invisibilidade do sofrimento existencial; por consequência, o número de suicídios aumenta drasticamente”.
11.09 – Da atriz Guilhermina Guinle quando perguntada sobre um desprazer, por ocasião dos 100 anos do Copacabana Palace, fundado por seu avô: “Desprazer é gente mal educada — parece que cada vez tem mais no mundo. Não se trata de dinheiro, status, família, religião, de onde você vem etc., e sim de educação em relação ao próximo, nos pequenos gestos do dia a dia, nas gentilezas, nas palavras ditas, no tom de voz”.
09.09 – Do cirurgião plástico Paulo Müller, da escola de Ivo Pitanguy, com consultório no Rio e em São Paulo, sobre as duas cidades: “No fundo, todo ser humano é igual: Rio ou São Paulo, carioca ou paulistano, todos procurando melhorar sem riscos, com segurança. Acredito que Rio e São Paulo são cidades complementares, o que não tem em uma encontramos na outra e vice-versa. Tudo é Brasil”.
06.09 – Da socialite Kiki Garavaglia sobre Ângela Diniz, de quem foi amiga no ano de 1976, por ocasião do lançamento do filme “Ângela”, com Isis Valverde: “Ela seria uma mineira gorda em casa, cuidando dos netinhos. Esse período de ‘Pantera de Minas’ foi uma violação com ela mesma, porque não era o seu temperamento”.
12.08 – De Ricardo Nauenberg, produtor e diretor de cinema e TV: “A revitalização do Jardim de Alah seria um presente para a cidade que ninguém deveria ser contra. É importante que seja feita de forma autossustentável, viável economicamente, para que dure para sempre, sem ficar à mercê de flutuações do poder público”.
09.08 – De Ruy Castro, escritor e imortal da ABL, sobre o Museu Carmen Miranda, no Flamengo: “O museu é um milagre, considerando-se que muita coisa de Carmen foi dada irresponsavelmente pela sua família durante 50 anos a quem os pedisse — e não ao museu, que é onde eles deviam estar. O que sobrou é, mesmo assim, espetacular. Impossível não se apaixonar por Carmen”.
01.08 – Do arquiteto Miguel Pinto Guimarães, do escritório vencedor da licitação do Jardim de Alah, em sociedade com Sérgio Conde Caldas: “Procuramos desenvolver um projeto com mínimo impacto na paisagem, tanto natural quanto construída — uma arquitetura mimética. A meta é reverter uma área abandonada, há pelo menos 40 anos, através dos melhores conceitos de urbanismo e de arquitetura”.
16.07 – Da atriz Maitê Proença citando uma frustração na vida: “Queria ser cantora — é a melhor profissão do mundo, uma baita liberdade. Se o Mick Jagger mostra o traseiro, o povo acha lindo e aplaude. Canto em casa e inventei um coral de amigos que foi interrompido na pandemia. Vamos voltar”.
11.07 – De Paulo Marinho, suplente de senador e diretor do Instituto Brando Barbosa, no JB, sobre a queixa de moradores do bairro com grandes eventos no casarão: “Existe um pequeno grupo de poderosos moradores do bairro que querem transformar o palacete num ambiente de sua exclusiva contemplação, numa atitude extremamente egoísta com a nossa cidade e com esses nós não iremos perder o nosso tempo e preferimos focar no trabalho de investimentos”.
06.07 – Do diretor Gerald Thomas sobre o dramaturgo Zé Celso Martinez, morto em julho: “Zé Celso é o ‘maior espetáculo da Terra’. Olha só, eu falo do Zé no presente. Acho que jamais conseguiria falar dele no passado — isso jamais vai acontecer”.
26.06 – De José Roberto de Castro Neves, advogado e escritor, ao lançar “Caixa de Palavras” (Nova Fronteira): “Atualmente, os livros disputam a atenção das pessoas com um sem-fim de outros entretenimentos. A TV, os jogos eletrônicos, o cinema, as redes sociais …. Ler passa a ser um ato de resistência”.
19.06 – De Técio Lins e Silva, advogado, jurista, professor e ex-secretário de Estado de Justiça do Rio: “Nossa OAB tem responsabilidades históricas na defesa de nossa profissão. A falta de acesso dos advogados aos juízes sugere que não somos necessários nem bem-vindos. Parece que essa gente tem horror a advogados, mas vão ter que nos aturar, em nome da Justiça!”.
12.06 – De Antonio Neves da Rocha, o maior decorador de festas do Rio, sobre a volta total dos eventos grandiosos: “As pessoas já estão se distanciando aos poucos dessa fase mais contida, no entanto, nem por isso entrando numa fase inconsequente. Não defendo o apoteótico: defendo a beleza, o equilíbrio e o bom gosto”.
05.06 – Do biólogo Mario Moscatelli, há mais de 30 anos defendendo o ecossistema carioca, pelo Dia Mundial do Meio Ambiente (05/06): “De doido a visionário, foi um longo caminho que mostra que a trilha da defesa do ambiente — num país que ainda pensa e age como colônia de exploração em pleno século XXI — exige amor, persistência, coragem e uma pitada de loucura dos que se aventuram nela”.
27.05 – Do guitarrista e compositor Roberto de Carvalho sobre a recém-lançada “Outra biografia”, de Rita Lee (1947-2023), de quem é viúvo: “Todas as situações tenebrosas que nos aterrorizaram durante os dois anos em que durou a doença, havia, como num passe de mágica, se transformado numa narrativa bem-humorada, inteligente, sarcástica, despida de dramalhões, sacadas incríveis, momentos de assombração, quase virando piadas”.
22.05 – Do babalaô Ivanir dos Santos, professor e orientador no Programa de Pós-graduação em História Comparada da UFRJ, sobre o caso de racismo a Vinícius Jr. :“Seja dentro, seja fora dos campos de futebol, o racismo ainda é uma das marcas da branquitude que, por medo de perder os seus privilégios ou por não conseguir supor ver pessoas negras no mesmo ‘patamar’ social e financeiro, vai criar mecanismo de exclusões e hierarquias”.
05.05 – Do historiador Francisco Vieira sobre a coroação do rei Charles III: “O negócio da monarquia é rentável, o sucesso é garantido. Alguns protestos incômodos do tipo ‘Camilla never, Diana forever’ apareçam, mas não se abalarão: seguirão em frente. A monarquia britânica quebra tradições porque é ela mesma quem as inventa”.
03.04 – De Eduardo Affonso, cronista da coluna aos domingos, sobre a possível escolha de Cristiano Zanin, pelo presidente Lula para integrar o STF: “Haverá implantes neurais, turismo interplanetário, o nível do mar terá se elevado em meio metro, a Rússia já terá desistido de conquistar o que restará da Ucrânia. E o Zanin lá. Lula terá 105 anos, ainda negando que o sítio e o triplex fossem dele. Bolsonaro, aos 95, ainda chorará as joias perdidas. E o Zanin lá”.
28.03 – Da atriz Bruna Lombardi, que virou referência em bem-estar e estilo de vida saudável: “Coerência é a palavra: não adianta gastar uma fortuna de dinheiro na aparência física, fazer milhões de plásticas, e tratar mal as pessoas ao seu redor”.
01.02 – Da pneumologista Margareth Dalcolmo sobre o programa de vacinação contra a covid: “Será necessário que todos tomemos a vacina bivalente. Acho que temos um vício de tender a esquecer, né? Tivemos uma experiência tão traumática, com tantas mortes, que acho que essa memória deve ser resgatada permanentemente, não só pela defesa das medidas sanitárias como a vacinação. Não considero que o problema esteja totalmente eliminado do mundo”.
18.01 – De Roberto Frejat sobre o novo governo: “Só fato de saber que o Estado não tem mais um ódio à cultura já dá um alívio. Estava muito cansativo ver tanta gente boçal e recalcada por sua mediocridade no governo. Temos de levantar a casa de novo com discussões mais atualizadas para a cultura, um setor que representa o Brasil no mundo de forma muito respeitada”.