Quando duas criaturas se reconhecem nas opiniões e resolvem juntar conhecimentos, só pode resultar em algo como o livro “Biografia do abismo: como a polarização divide famílias, desafia empresas e compromete o futuro do Brasil” (HarperCollins), do jornalista Thomas Traumann e do cientista político Felipe Nunes, lançado nessa segunda (12/12), na Janela do Shopping da Gávea.
Há muitos anos, Thomas, ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social no governo Dilma Rousseff, diz que o Brasil deveria adotar o lema “de tédio não morreremos”, sobre as peripécias políticas de um país sempre em transformação, muitas vezes para pior. Há cinco anos, Thomas lançou “O Pior Emprego do Mundo”, sobre as trajetórias dos ministros da Fazenda desde Delfim Netto (1967) até Henrique Meirelles (2018). Se for falar sobre o atual Fernando Haddad, pela quantidade de projetos a aprovar até o fim do ano, dá outro livro.
O novo livro fala da divisão entre apoiadores de Lula e Bolsonaro, que transbordou para o cotidiano. A partir da análise de 99 mil entrevistas entre 2021 e 2023, Nunes e Traumann tentam traçar por que a tolerância com a opinião contrária ficou tão curta, e o acirramento nos grupos de WhatsApp não se encerrou mesmo depois da eleição, com amizades desfeitas, boicotes a marcas, relações rompidas, cancelamentos de artistas, atletas e influenciadores, e assim vai. “O Brasil da polarização extrema se aproximou do abismo de um conflito sem volta nos atos antidemocráticos de janeiro de 2023. A existência desse abismo pode levar à conclusão de que uma reconciliação nacional é impossível. Mas também pode ser o grande desafio a ser enfrentado e superado”, dizem os autores.
—