Neste sábado (04/11), morreu a produtora de cinema italiana Marina Cicogna, aos 89 anos, em Roma, a primeira mulher a se destacar num ambiente predominantemente masculino. O “New York Times” a descreve como a primeira grande produtora de cinema italiana e uma das mulheres mais poderosas do cinema europeu. Marina, cuja notícia da morte está em todos os meios de comunicação italianos, era apaixonada pelo Brasil. Certa vez, disse ao “Corriere della Sera” que, se pudesse escolher, viveria no país. Os laços afetivos e as visitas foram muitos: desde a década de 1960, com o casamento de 20 anos com a atriz cearense Florinda Bolkan, hoje com 82 anos, que continua trabalhando, especialmente na Itália, pra onde se mudou em 1968 e fez carreira internacional.
Foi como produtora que Cicogna lançou Florinda (segundo ela, ideia de Luchino Visconti e Marcello Mastroianni) em “Investigação sobre um cidadão acima de qualquer suspeita” (Oscar de melhor filme estrangeiro em 1971), considerado, ainda hoje, um dos melhores filmes políticos de todos os tempos segundo os críticos.
Marina, nascida em Roma, era filha do conde Cesare Cicogna Mozzoni e da condessa Annamaria Volpi di Misurata e neta do conde Giuseppe Volpi di Misurata, veneziano, que fundou a Mostra do Cinema de Veneza em 1932, cuja organização publicou um comunicado neste sábado (04/11): “Marina foi um exemplo de criatividade e coragem, ao longo de uma longa carreira inteiramente dedicada ao cinema com espírito anticonformista”.
A tragédia brasileira de Marina foi o suicídio de seu único irmão, Bino Cicogna, no Rio, em 1971. Mesmo assim, não parou de vir à cidade, ficando hospedada ou no Copacabana Palace, ou na casa do amigo Paulo Fernando Marcondes Ferraz (que morreu em 2021, aos 83 anos), na Avenida Atlântica, com última passagem em 2014.
Sua carreira está no doc “Marina Cicogna. La vita e tutto il resto”, lançado em 2021. Nesse mesmo ano, ela também lançou sua autobiografia, “Ancora spero”.