O cravista e professor Marcelo Fagerlande lançou “Muito além dos salões: Bebê Lima e Castro, musa do Rio em 1900” (Editora 7Letras), nessa terça (28/11), na livraria Janela do Shopping da Gávea, uma biografia da cantora lírica, famosa nos salões cariocas da Belle Époque, eleita a mais bela da capital fluminense em 1900, numa competição que mais tarde seria conhecida como concurso de miss, Bebê Lima e Castro (1878-1965).
Curiosamente, a história da biografada se cruza com a história do biógrafo: de certa forma, foi através dela que Fagerlande comprou seu primeiro cravo de qualidade. “Bebê não tinha filhos nem parentes chegados, então deixou um longo testamento beneficiando muitos amigos, fiéis empregados e instituições. Meus avós herdaram imóveis, um Cadillac e um solitário de brilhante. Por sugestão da minha mãe, a joia foi vendida e comprei um cravo na Alemanha, onde eu concluía meus estudos em música”, diz o autor, que passou a infância ouvindo as histórias dessa mulher inovadora e extravagante, sentindo vontade de pesquisar os documentos desse período. “Ela ousou se separar do marido numa época em que isso era impensável e teve a coragem de voltar a frequentar a sociedade mesmo divorciada”, diz Marcelo.
Antes dos autógrafos, Fagerlande conversou com o escritor Ruy Castro, que faz o texto de apresentação, sobre o Rio de 1910 – 1920: “Onde estivemos por todos esses anos que não soubemos de Violeta — Bebê — Lima e Castro? Como considerar contada a história de uma época, não por acaso bela, sem reservar o protagonismo a essa carioca nascida em berço de luxo que, ao tentar levar para os palcos a elegância dos salões, viveu sonhos e decepções para várias vidas?”, questiona Ruy.
Conversa entre dois passantes (um cabeleireiro e seu assistente) no corredor do shopping:
— “Espera que quero ver o show do Ruy Castro”, ao reconhecer o escritor.
E o outro:
— “Ele canta o quê?”