O ciclo da violência é um conceito que descreve formas de violência que se repetem ao longo do tempo, geralmente em um padrão crescente, seja na vida pessoal, seja na profissional.
Muitas vezes, esse ciclo inicia com agressões bem sutis, como piadas ou comentários que desvalorizam ou humilham indiretamente a pessoa que está sendo o alvo, e começa a causar-lhe um mal-estar.
Uma dessas formas sutis de violência psicológica é chamada de negging.
O negging é uma crítica disfarçada de elogio que costuma minar a autoestima da vítima aos poucos e pode evoluir, transformando-se em grosserias, críticas humilhantes e xingamentos. A seguir, alguns exemplos de negging:
—“Nossa, que cabelo lindo você tem! Que pena que não seja mais comprido!”
— “Uau! Adorei seu vestido todo apertadinho! Você é minha gorduchinha preferida! Mas você vai sair assim?”
— “Você está linda! Nem dá para perceber que você tem uns quilinhos para perder.”
Por sua vez, a violência inicial, seguida pela resposta à violência, pode desencadear uma nova agressão, e assim por diante… A tendência é a violência crescer ao longo do tempo, quando os limites não são colocados logo no início, ainda mais quando a vítima tem algum tipo de dependência (financeira ou emocional).
O ciclo da violência pode ocorrer em diversos contextos: relacionamentos abusivos na família ou no trabalho, entre grupos sociais e até mesmo em níveis mais amplos, como guerras e conflitos políticos.
Para quebrar esse ciclo, é essencial investir em medidas preventivas, como educação, conscientização e a prática da Comunicação Não Violenta (CNV), criada pelo psicológico Marshall Rosenberg.
A prática da CNV pode evitar que a violência cresça, com respostas assertivas que desarmam os ataques e, ao mesmo tempo, permitem estabelecer limites, e quando começa a ocorrer uma falta de respeito.
É fundamental pôr limites assim que o mal-estar começar a se manifestar, deixando claro que você não gosta e não aceita que a pessoa fale com você daquela maneira.
Ninguém começa batendo. A violência física é geralmente o resultado de uma violência que começou sendo bem sutil no início e que foi tolerada e permitida de alguma forma — muitas vezes, em função dos pedidos de desculpas e das promessas de mudança da pessoa agressora.
Pessoas violentas e abusivas costumam ser muito convincentes na hora de pedir desculpas; são até capazes de chorar e jurar arrependimento. No entanto, logo, logo, voltam a agredir verbalmente; depois dão um empurrão, e assim vai…
Tenha cuidado! Pense bem antes de perdoar: quando a violência já se produziu mais de uma vez, a tendência é piorar cada vez mais.
Não aceite nenhuma atitude ou palavra que faça você se sentir mal, quer em público, quer na intimidade. Posicione-se de forma calma e respeitosa, sem elevar o tom de voz, porém de maneira firme e determinada. Certas vezes, afastar-se pode ser a melhor solução para não alimentar esse ciclo.
Cuide-se! Ame-se! Respeite-se!