O verão ainda nem chegou (só 22 de dezembro), mas os termômetros no Rio marcaram, nesta segunda (13/11), 36,4 graus, com sensação térmica de 52,7 graus. Isso em Guaratiba, na Zona Oeste, segundo o Alerta Rio, ou seja, ultrapassou a sensação desse domingo (12/11), que chegou a 50,5 graus.
O Rio é um dos estados atingidos pela onda de calor, que pôs em alerta as regiões Centro-Oeste e Sudeste, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A causa foi o El Niño, que não deve ir embora tão cedo. No entanto, no meio da semana, chega uma frente fria.
Sobre o calor excessivo, o biólogo Mario Moscatelli, diz: “Há 25 anos, li uma matéria na revista ‘Carta Capital’ que fazia referência aos Cavaleiros do Apocalipse, associando-os com as futuras mudanças climáticas. O estudo era de avaliações do Pentágono (EUA). Desde então, foram muitas reuniões sobre o tema ambiental, a concentração de carbono só fez aumentar e, com mais energia no sistema, as catástrofes ambientais se tornaram o novo normal”.
E continua: “O futuro foi semana passada, e não nos demos conta de que todos os avisos foram desconsiderados em razão de outros interesses. Não vejo lideranças, dentro ou fora do país, para explicar o monstro que criamos, portanto, como as pererecas assando na panela, vamos, ano após ano, aquecendo, batendo recordes e detonando sistematicamente todos os sistemas de homeostase planetários. Não vai dar tempo de evitar tragédias. O que temos hoje, diante de nós, depois de inúmeras reuniões e muito turismo nas diversas COPs, é a urgência no investimento pesado em reflorestamento e demais potenciais mecanismos naturais ou artificiais para tirar carbono da atmosfera, bem como reduzir drasticamente as emissões. Fora isso, é conversa de palanque. A natureza e a vida continuarão sua trajetória por alguns bilhões de anos, mas a civilização como a conhecemos, não”.
Em pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nos últimos 60 anos no Brasil, o número de dias com ondas de calor (WSDI) era de sete (entre 1961 e 1990) e passou para 52 dias (entre 2011 e 2020).