Não sei se foi consequência da pandemia ou da alta inflação, mas o fato é que tenho percebido um aumento da procura de endividados pelos meus serviços.
Independemente da classe social e dos valores de receita mensal, tenho sido procurada por muita gente que não está conseguindo pagar suas contas em dia.
E percebo que a maioria não é daquele endividado passivo, que perdeu o emprego ou que teve uma doença na família e que, por isso, se endividou. Grande parte dos que me procuram perderam poder de compra ao longo do tempo. Eles foram fazendo empréstimos e chegaram a um ponto em que sua renda está tão comprometida que não conseguem mais dar conta de tanta dívida.
Muitos ficaram negando essa situação por bastante tempo, e isso só fez agravar ainda mais a situação.
Felizmente, para tudo se tem um jeito e, com auxílio profissional, é possível reverter a bola de neve das dívidas que só faz aumentar quando não há uma mudança de hábitos financeiros.
Claro que não é um processo fácil; da mesma forma que não é fácil começar uma dieta. Contudo, assim que começam a aparecer os benefícios das boas escolhas, a pessoa percebe que todo o sacrifício não está sendo em vão.
Ela passa a tomar as rédeas de suas finanças e até da sua vida como um todo, como me disse certa vez uma cliente.
Pode demorar um tempo, pois, em geral, a situação também não foi criada de uma hora para outra. Além disso, normalmente, a pessoa tem compromissos assumidos, como parcelamentos, contratos e outras coisa que não podem ser quitados ou desfeitos tão rapidamente. Leva um tempo…. Em algum momento, porém, a situação vira,a pessoa passa de endividada a investidora!
Depois que os clientes já estão mais organizados e com suas finanças entrando nos eixos, eu sempre pergunto se eles se arrependem e se prefeririam voltar ao estágio anterior das dívidas, em vez de terem passado por todo o processo de planejamento financeiro. Na verdade, quero entender se o processo todo foi tão doloroso que não foi percebido como válido.
No entanto, a resposta sempre é negativa — as pessoas falam que o melhor mesmo é ter paz e nada vale tanto quanto isso, mesmo que tenha que abdicar de várias vontades ao longo do caminho.
Essa resposta é a minha maior certeza de que estamos no caminho certo para sair do endividamento.
A questão é que a pessoa, muitas vezes, demora a sair do estágio de negação, procurar uma ajuda profissional e começar a agir rumo ao caminho da organização das finanças.
Vale lembrar os quatro estágios para a saída do endividamento: o primeiro é de negação, em que a pessoa não olha nem a conta corrente e as contas para pagar; num segundo momento, ela passa a entender que tem algo errado com suas contas; num terceiro estágio, ela tenta sozinha resolver e, se não consegue, procura uma ajuda profissional. E, somente no quarto estágio, é que ela consegue começar a agir em prol de sua saúde financeira.
Portanto, se você tem algum conhecido que esteja nessa situação, não deixe de compartilhar esse artigo com ele para ele saber que não está sozinho nessa situação e que existem profissionais capacitados a auxiliá-lo para sair dessa.