Que atire o primeiro hashi quem nunca se esbaldou diante de um rodízio japa! A tabelinha de marcar X e a quantidade do pedido — que Buda não me ouça! — são uma instituição brasileira. No entanto, se depender do Blá Blá, no Jardim Botânico, esse modus operandi, que remete a uma prova de múltipla escolha, está com os dias contados. É que Denise Monteiro, à frente daquela operação, implementou o garçom digital na casa. São mais de 30 tablets pelas mesas, nos quais o cliente escolhe o que vai comer, a quantidade, a bebida e ainda tira dúvidas.
“Ninguém foi demitido”, ela garante. “A proposta vem sendo testada justamente para aumentar a eficiência do serviço, acelerando a chegada do pedido à cozinha e ao sushi bar. Dessa forma, a turma do salão fica mais livre para interagir com o cliente à mesa, sobre a escolha do saquê, do vinho ou, até mesmo, propor harmonizações com nossos drinques. Um pedido que levava de 2 a 3 minutos, agora leva 9 segundos da mesa até as mãos de quem vai executar.”
A novidade pode dividir opiniões, mas o custo/benefício do Blá Blá continua sendo a sua marca: R$ 124,99 para comer à vontade, de segunda a quinta-feira, fora o casarão antigo de pé-direito alto, cujo salão se afunila à medida que segue em direção à cozinha. O maior sucesso do rodízio, entretanto, fica por conta do sushi bar. Salmão Fresh (carpaccio da barriga do salmão, regado no azeite trufado, raspas de limão sciliano e flor de sal); Ebi Joe (joe de salmão com cream cheese, camarão empanado na panko com teriyaki, cebolinha e gergelim); Tuna Avocado (makimono uramaki filadélfia com avocado, envolto de atum com tartar de amêndoas carameladas com gengibre e gergelim torrado e moído); Toro de Salmão (sushi da barriga do salmão maçaricada, com azeite trufado e flor de sal) e Salmão Gravlax (sashimi de salmão marinado por 48 horas no limão tahiti e no siciliano, açúcar mascavo, sal grosso e aneto).
Combinou. Tá combinado!
Bruno Calixto é jornalista de gastronomia.