Algumas estátuas em espaços públicos do Rio, como a que homenageia Castelo Branco, Presidente da ditadura, no Leme, e o Marquês de Lavradio, na rua com seu nome, na Lapa, podem ser retiradas brevemente. Nesta quarta (25/10), a Câmara Municipal aprovou — com discussões acaloradas — um projeto de lei que proíbe na cidade a manutenção ou instalação de novos monumentos, placas e quaisquer homenagens a escravocratas, eugenistas e pessoas que tenham tomado qualquer atitude contra os direitos humanos.
Segundo o texto, as homenagens que já existem deverão ser transferidas para museus, acompanhadas de informações que contextualizam e informem sobre a obra e seu personagem. O autor do projeto é o hoje deputado federal Chico Alencar. “Se não retirar nenhum monumento de escravocrata, ao menos levantará dúvidas educativas sobre ele e, sobretudo, evitará leis futuras para inimigos dos direitos humanos! A Prefeitura precisa regulamentar os critérios, mas é preciso examinar todos os figurões do Império, também os bandeirantes, os generais da ditadura. A lei é para dar uma sinalização futura e para reexaminar o passado”.
Vereadores contrários à proposta, como Carlos Bolsonaro, Rogério Amorim e João Ricardo, argumentaram: “Esse movimento vem acontecendo nos EUA, com resultados alarmantes. Nós não podemos reescrever a História, ou mesmo puni-la: temos que olhar para frente e assegurar direitos. É preciso uma prova historiográfica para evitar que o projeto sirva como uma porteira aberta para incendiar monumentos, como vimos com a estátua de Borba Gato, em São Paulo. Há relatos de que o próprio Zumbi dos Palmares tinha escravos. Vamos acabar com a Rua Mem de Sá e a Praça Tiradentes, que também tinham escravos?”
O texto segue para aprovação ou veto de Eduardo Paes.